A
Palestina é uma terra formada por uma faixa de terra cercada pela Síria, pela
Fenícia e pelo deserto da Arábia. A região é descrita pela Bíblia como uma terra
fértil escolhida por Deus para fixar Abraão e sua tribo. A seguir vamos estudar
os três povos da Antiguidade Oriental que ocuparam a região da Palestina:
hebreus, persas e fenícios. Perceberemos como os hebreus, mesmo não constituindo
um império e tendo uma história marcada por perseguições, preservaram sua
unidade cultural; de que modo os fenícios tornaram-se grandes marinheiros e comerciantes; e como os persas conquistaram e organizaram
um dos maiores impérios do mundo antigo.
HEBREUS
A história do povo hebreu é
profundamente marcada por migrações, perseguições, fugas e lutas. Apesar dessa
condição e de não terem construído um império, o os hebreus conseguiram
conservar sua cultura. A principal herança transmitida pelos hebreus à
humanidade é o culto a um único deus, isto é, o monoteísmo.[1] A
principal fonte para estudarmos e conhecermos a história dos hebreus é o Antigo
Testamento da Bíblia. [2] A
história política dos hebreus é dividida em três grandes períodos: governo dos patriarcas, governo dos juízes e governo dos reis.
Governo dos Patriarcas
Durante muito tempo viveram na Palestina dedicando-se a agricultura e ao pastoreio, até que, por volta de 1800, depois de um período de seca e fome, foram obrigados a migrar para o Egito, na época dominado pelos hicsos. Enquanto os hicsos controlaram a região os hebreus viveram em liberdade no Egito, porém, após esses terem sido derrotados pelos egípcios, foram escravizados pelo faraó que acusava o povo hebreu de ter colaborado com os invasores. De acordo com a Bíblia, depois de mais de trezentos anos sendo escravizados pelos egípcios, Moisés recebeu de Deus a missão de libertar o povo hebreu e reconduzi-lo à Terra Prometida.
Governo dos Juízes
Ao chegarem
à Palestina os hebreus tiveram que lutar contra os cananeus
e, posteriormente, contra os filisteus,
povos que ocupavam a região. Como os hebreus nessa época estavam divididos em
doze tribos, os hebreus escolheram os juízes, chefes políticos, militares e
religiosos, para comandá-los. Josué, sucessor de Moisés, foi o primeiro juiz
hebreu e iniciou a luta pela reconquista da Palestina. Depois de Josué, se destacaram
Sansão e Samuel.
As lutas
duraram quase dois séculos e, apesar da vitória sobre os cananeus, os hebreus
enfrentavam inúmeros problemas sociais. Para solucionar esses problemas, os
resolveram adotar a monarquia e centralizar o poder para enfrentar os filisteus.
No ano de 1020 a. C, Samuel convocou a Assembleia que escolheu o primeiro rei.
Governo dos reis
O primeiro
rei dos Hebreus, que passou a comandar todas as tribos, foi Saul. Davi,
filho e sucessor de Saul, derrotou definitivamente os filisteus, completou a
conquista da Palestina e transformou a cidade de Jerusalém em capital política
e religiosa do reino hebreu. Após a morte de Davi, seu filho, Salomão, ocupou o trono e completou a
organização da monarquia, tornando-se o rei mais importante dos hebreus.
Salomão fez um acordo de paz com o Egito, intensificou o comércio com
outros povos, principalmente com os fenícios, reforçou o exército e concluiu a
construção do templo de Jerusalém, iniciada no reinado de Davi. Ao mesmo tempo,
para sustentar o luxo da corte, Salomão aumentou a cobrança de impostos sobre o
povo.
FENÍCIOS
Assim como os hebreus, os fenícios também habitavam a Palestina. Ocupavam uma estreita faixa de terra situada entre as montanhas do atual Líbano e o Mar Mediterrâneo.(área de cerca de 200 km de comprimento e 40 km de largura). Apesar de aproveitarem as áreas férteis de seu território para a criação de gado e plantio de trigo e videiras, a região não favorecia o desenvolvimento da agricultura.
As
montanhas, apesar de servirem como uma espécie de barreira natural,
que protegia a civilização fenícia contra possíveis ataques de povos
vizinhos, dificultavam,
ao
mesmo tempo, a
expansão dos fenícios em direção ao continente. Com poucas
terras próprias para o cultivo e com poucas chances de ampliar seu território,
a melhor alternativa encontrada pelos fenícios foi aproveitar o litoral e a
existência de bons portos naturais. Essas condições geográficas e a mais a
grande quantidade de madeira apropriada para a construção de navios, permitiram
que os fenícios se dedicassem a navegação marítima e ao comércio. Com grandes e
resistentes embarcações, os fenícios especializaram-se na navegação marítima e
foram, pouco a pouco, intensificando as relações comercias com outros povos.
Além da construção naval, os fenícios tiveram também grande destaque no artesanato produzindo cerâmica, vidro, tecidos, tapetes, joias, perfumes, armas e especialmente um corante para tingir tecidos. Com essa grande variedade de produtos, os fenícios expandiram suas relações comerciais e fundaram na extensão do Mar Mediterrâneo inúmeras colônias que serviam como entrepostos comerciais. Entre as colônias mais importantes estão Cartago, na África, e Cádiz, na Península Ibérica.
Os fenícios não mantinham um governo centralizado, ou seja, não formaram um Estado unificado. A Fenícia era formada por várias cidades independentes, cada uma possuindo um governo próprio e um rei que passava seu poder hereditariamente e tinha seu poder limitado por um conselho formado pelos comerciantes mais ricos. Entre as principais cidades fenícias destacamos: Ugarit, Biblos, Sídon e Tiros. Essas cidades disputavam o controle das melhores rotas comercias e dos mercados mais distantes, porém, nenhuma delas conseguiu obter a hegemonia sobre as demais e tornar-se uma potência militar. A partir do século VIII a. C, os fenícios foram dominados por outros povos. Em 322 a.C a Fenícia foi totalmente conquistada pelo imperador da Macedônia, Alexandre Magno.
PERSAS
A administração do grande império
VÍDEOS:
Persas - Grandes Civilizações (completo).
QUESTÕES:
17) Com suas palavras, escreva sobre a
crença religiosa dos persas.
Os persas ocuparam o planalto do atual Irã,
uma região montanhosa, rodeada por desertos e com poucas planícies. Por volta
de 1500 a.C essa região era ocupada por diversas tribos e entre essas tribos se
destacavam os medos e os persas. Até o século VII a.C os medos dominavam os
persas, porém, em 550 a.C, comandados por Ciro, os persas derrotaram os medos e
unificaram todos os povos da região.
A monarquia persa era hereditária e o rei
podia escolher como herdeiro qualquer um dos seus filhos. Os reis eram
considerados representantes dos deuses e, apesar de terem plenos poderes sobre
seus súditos, consultavam um grupo de ministros. Ciro, e seus sucessores, Cambises e Dario I, conquistaram
egípcios, hebreus, fenícios, assírios e babilônios, constituindo um dos maiores
impérios da Antiguidade, com aproximadamente 5 milhões de Km². Diferente
de outros, os persas procuravam ser tolerantes com os povos que eram vencidos e
dominados, aceitando os costumes, os deuses e as culturas locais. Somente os
gregos conseguiram dominar o poderoso Império Persa.
A administração do grande império
A ampliação
do império fez com que os Persas passassem a se preocupar com a administração.
Para controlar um império formado por povos de origem, língua, costumes e
religiões muito diferentes e acalmar as constantes revoltas, Dario I dividiu o
imenso território em vinte províncias, chamadas de satrapias, e
nomeou, para cada uma delas, um administrador que eram chamados de sátrapas. Cada
governador de província tinha a missão de cobrar e recolher impostos, fazer a
justiça, supervisionar as obras públicas e organizar os exércitos.
Cada
satrapia tinha que contribuir com o governo central pagando tributos com metais
preciosos, mas também entregando cavalos, gado e alimentos. Desse modo, o
Império Persa era não só o maior em existência mas também o mais bem
organizado. Os persas tiveram diversas capitais: Susa, Ecbátana, Babilônia, Persépolis
e a antiga Pasárgada.
Temendo ser
traído e precavido contra o excesso do poder desses administradores, o rei enviava
para cada uma das províncias pessoas de sua confiança que eram encarregadas de
fiscalizar os sátrapas. Esses inspetores ficaram conhecidos como “olhos
e ouvidos do rei.” Para garantir a unidade do grande império,
Dario aperfeiçoou os transportes e as comunicações ordenando a construção de
uma grande rede de estradas e desenvolvendo um interessante sistema de
correios. Para
garantir a unidade do grande império, Dario aperfeiçoou os transportes e as
comunicações ordenando a construção de uma grande rede de estradas e
desenvolvendo um interessante sistema de correios. Para facilitar o comércio
Dario estabeleceu uma moeda única (darico)
e adotou uma língua oficial (aramaico)
que deveria ser utilizada por todos os funcionários do governo. Em cada
região havia também normas locais que eram registradas em escrita.
VÍDEOS:
Hebreus - Grandes Civilizações (completo).
Persas - Grandes Civilizações (completo).
QUESTÕES:
1) Como normalmente é dividida a
história do povo hebreu?
2) Por que o povo hebreus emigrou para
o Egito? Que motivos tiveram os hebreus para abandonarem o Egito? Quem conduziu
o povo hebreu de volta para a Palestina? Como é conhecida essa passagem da
história dos hebreus?
3) Com suas palavras, descreva o
retorno dos hebreus para a Terra Santa destacando os principais acontecimentos.
4) Após deixarem o Egito e chegarem a
Palestina, os hebreus passaram a ser governados pelos juízes. Qual foi o
desafio que os hebreus tiveram que enfrentar nesse período?
5) Qual foi o primeiro rei dos hebreus
e qual seu principal feito?
6) Por que Salomão é considerado o rei
mais importante dos hebreus?
7) Após a morte de Salomão ocorreu o
chamado cisma, isto é, a divisão do povo hebreu em dois reinos. Quais foram os
dois reinos? Qual foi a principal consequência dessa divisão?
8) O que foi o Cativeiro da Babilônia?
Quem foi o responsável por libertar os hebreus desse cativeiro?
9) O que foi a Diáspora na história do
hebreus?
10) Descreva as características
geográficas da região ocupada pelos fenícios.
11) Por que razões os fenícios
desenvolveram o alfabeto? Que diferença havia entre o alfabeto fenício e os
sistemas de escrita anteriores?
12) Quais foram as principais cidades
fundadas pelos fenícios? Por que essas cidades eram independentes uma das
outras e por que eram rivais?
13) Os persas construíram um dos
maiores impérios da antiguidade, composto por povos de diversas origens. Qual
foi a estratégia adotada pelos persas para administrar o império que conquistaram?
14) Quais eram as obrigações dos
governadores das províncias que eram nomeados pelo imperador? Como o imperador
tentou se proteger contra as possíveis traições desses governadores?
15) Como os persas fizeram para manter a
unidade do império?
[1] A religião dos hebreus é o judaísmo, pela qual, o
único deus é Javé. Os judeus acreditam na vinda de um messias, enviado por Deus
para conduzir os homens a salvação eterna.
[2] A Bíblia é chamada pelos hebreus de Torá, composto
pelos cinco primeiros livros bíblicos (Gênesis, Êxodos, Levítico, Números e
Deuteronômio).
[3] Entre os principais patriarcas estão Abraão, Isaac e
Jacó.
[4] Conforme a Bíblia, Abraão recebeu de Deus a tarefa de
conduzir o seu povo a essa Terra Prometida.
[5] A travessia do Mar Vermelho: Segundo o relato bíblico,
os egípcios, depois de enfrentar várias pragas enviadas por Deus, concordaram
em libertar os judeus, mantidos como escravos. Liderados por Moisés, os judeus
partiram em direção à Terra Prometida (no atual Israel). Mas o faraó egípcio se
arrependeu de tê-los deixado ir e enviou um exército para persegui-los. Ao
chegar às margens do mar Vermelho, Moisés faz com que as águas se abrissem para
a travessia dos judeus, e se fechassem em seguida, afogando os soldados
egípcios. Para começar, muitos historiadores sustentam que Moisés e o Êxodo são
lendas sem fundamento histórico. Já os pesquisadores que acreditam no relato
bíblico contestam detalhes importantes do episódio.
[6] No caminho para a Terra Prometida os judeus acamparam
próximo ao Monte Sinai. Segundo a crença, Moisés escalou a montanha e recebeu
de Deus as tábuas que continham os Dez Mandamentos: Amar a Deus sobre todas as
coisas; Não tomar seu santo nome em vão; Guardar os dias do senhor e os das
festas; Honrar pai e mãe; Não matar; Não pecar contra a castidade; Não furtar;
Não levantar falso testemunho; Não desejar a mulher do próximo; Não cobiçar as
coisas alheias.
[7] Os membros das dez tribos que habitavam o reino de
Israel continuaram a ser conhecidos como israelitas, enquanto os que habitavam
o reino de Judá passaram a ser conhecidos como judeus.
[8] Os hebreus foram escravizados pelos babilônios até 538
a.C, quando Ciro I, rei dos Persas, conquistou a Babilônio e permitiu que os
hebreus retornassem à Palestina.
[9] O território antigamente ocupado pelos hebreus só foi
recuperado pelos seus descendentes em 1948, com a criação do Estado de Israel.
Mesmo assim, a Palestina segue sendo disputada ainda hoje por dois povos:
judeus israelenses e os árabes. Os primeiros afirmam ter direito histórico
sobre a região, o segundo julga ter direito adquirido, já que ocuparam o
território por muito tempo.
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