Após a Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos
tiraram proveito da destruição da Europa e tornaram-se, ao longo da década de
1920, a principal potência econômica do mundo, sendo o maior credor e o maior
exportador de produtos industrializados. Vivia-se um período de grande
entusiasmo e se tinha a ilusão de que os Estados Unidos era a terra da
prosperidade onde todos tinham a oportunidade de enriquecer. Porém, conforme
europeus recuperavam sua capacidade industrial e sua economia, as exportações
norte-americanas diminuíam em passo acelerado. Em 1929 a euforia não era mais a
mesma. A queda da bolsa de Nova York, em outubro daquele ano, marcou o auge da
crise do capitalismo.
Rapidamente a
crise se espalhou pelo mundo provocando grande aumento no índice de desemprego,
inflação, queda de produção e a falência de centenas de empresas. Na Europa, as
dificuldades se agravavam e muitos governos não eram capazes de resolver os inúmeros
problemas sociais. Os regimes democráticos, caracterizados por eleições,
divisão dos poderes e leis para controlar a ação dos governantes, pareciam não
ter resposta para a crise. Diante desse quadro, as elites econômicas,
preocupadas ainda com o surgimento de grupos que defendiam a adoção de um
regime socialista e querendo recuperar o capitalismo, passaram a apoiar a
formação de governos autoritários.
A crise de 1929
Para compreendermos como ocorreu a falência da economia capitalista em
1929, devemos relembrar algumas das consequências da Primeira Guerra Mundial,
encerrada dez anos antes. Durante o conflito mundial a capacidade produtiva dos
países europeus, no que se refere a alimentos e produtos industrializados, foi
drasticamente reduzida. Isso ocorreu basicamente devido à destruição de boa
parte dos meios de produção. Como alternativa para suprir suas necessidades,
esses países passaram a importar uma grande quantidade de produtos dos Estados
Unidos que, além disso, concediam aos europeus grandes volumes de empréstimos
cobrando posteriormente elevadas taxas de juros. Desse modo, enquanto a Europa
enfrentava uma crise terrível, os Estados Unidos tiravam proveito da situação e
viviam um dos períodos mais prósperos de sua história.
Abastecendo o mercado europeu
com diversos artigos, a produção agrícola e industrial dos Estados Unidos teve
um grande crescimento no decorrer da guerra e depois da guerra. Sendo os
maiores credores e exportadores do mundo, os norte-americanos viviam um clima
de grande otimismo tendo a falsa ilusão de que a prosperidade econômica não
teria fim. A década de 1920 foi marcada por grandes investimentos na Bolsa de
Valores.[1]
Muitos empresários, com o objetivo de aumentar o seu capital, passaram a lançar
ações no mercado com a certeza de que essas iriam se valorizar cada vez mais.
Contudo, a partir da segunda metade da década de 1920 o cenário vantajoso
começou a ser alterado. A produção continuava em ritmo acelerado, porém, o
número de consumidores não acompanhava mais o crescimento da produção. Isso
ocorreu devido a mudanças ocorridas tanto no plano interno quanto no plano
externo.
Internamente, o poder aquisitivo da população não atendia a necessidade
da indústria. Mesmo com a economia estando em um grande momento, verificou-se
que a riqueza não era partilhada por todos. A renda estava concentrada nas mãos
de uma minoria (banqueiros, grandes empresários e especuladores da bolsa de
valores, por exemplo) enquanto que o restante, cerca de 60% da população,
estava em situação desfavorável, com baixos salários e abaixo da linha da
pobreza. Ao mesmo tempo, na Europa, países como França e Inglaterra entraram em
um período de recuperação econômica e automaticamente passaram a consumir uma
quantidade menor de artigos produzidos pelos Estados Unidos. A partir dessa mudança os norte-americanos
passaram a enfrentar uma grave crise de superprodução,
ou seja, uma grande quantidade de mercadorias oferecidas e poucos compradores.
A economia norte-americana manteve-se por algum tempo devido à grande
disponibilidade de dinheiro no mercado, o que permitia que os bancos e o
próprio governo concedessem empréstimos estimulando as pessoas a comprarem a
crédito. Dessa maneira, apesar de o mercado consumidor estar em notável queda,
os norte-americanos cometeram o erro de continuar produzindo em grande escala o
que obviamente agravou ainda mais a crise.
Os efeitos da crise
As consequências foram terríveis e notadas
imediatamente, não só na produção industrial, mas também na agricultura e nas
atividades bancárias. Primeiramente, a falta de compradores e o grande volume
de artigos armazenados provocou uma rápida queda
de preços. Apesar de os preços despencarem a cada dia, os produtores
industriais e agrícolas não conquistavam mais consumidores. Lucrando cada vez
menos, as empresas foram obrigadas a diminuir a produção o que resultou na demissão de milhares de trabalhadores. [2]
Entre 1929 e 1932 85 mil empresas
declaram falência e a produção
industrial nos Estados Unidos foi reduzida em cerca de 54%. Ao mesmo tempo, mais de 4 mil bancos fecharam após
terem concedido empréstimos a empresários e a agricultores que não tiveram como
pagar suas dívidas.
Por todo os
Estados Unidos era comum a cena de desempregados e famintos buscando ajuda e
formando filas em instituições que serviam comida. Outro ponto que demonstra
bem o impacto da crise diz respeito ao índice de suicídios, que cresceu
assustadoramente nesse período.No dia 29 de outubro de 1929 a crise financeira
resultou na quebra da Bolsa de Nova York.
Com a economia prejudicada muitos procuravam vender as ações que possuíam a
qualquer preço. Como a oferta de ações era muito maior do que a procura para a
compra, as ações investidas desvalorizaram rapidamente fazendo com que milhares
de pessoas e empresas, que acreditavam estar seguras com os investimentos
feitos na bolsa, ficassem completamente arruinadas. O pânico tomou conta de
Nova York e a crise se espalhou por outros países do mundo, ficando conhecida
como a Grande Depressão.
Os efeitos da crise foram sentidos por todos aqueles
países que mantinham relações comerciais com os Estados Unidos. Durante e após
a Primeira Guerra Mundial, tanto por receberem empréstimos quanto por comprarem
os produtos dos norte-americanos, boa parte dos mercados internacionais haviam
se tornado dependentes da economia dos Estados Unidos. Entre 1929 e 1939 o
comércio sofreu uma dura redução de quase 1/3 de suas atividades em todo o
mundo.
Na Europa, a
Inglaterra e a Alemanha foram os países que mais sofreram com a crise. Tanto
ingleses quanto alemães eram grandes consumidores dos produtos dos Estados
Unidos e no caso da Alemanha, a situação se agravava ainda mais devido as
penalidades impostas pelo Tratado de Versalhes. Nesses países o índice de
desemprego também aumentou muito, chegando a 22% na Inglaterra e 44% na
Alemanha. Por fim, a crise de 1929 também teve como importante consequência o fortalecimento
de grupos que defendiam a instalação de regimes totalitários alegando que
os governos democráticos de caráter liberal eram incapazes de resolver os
inúmeros problemas sociais.
A crise sentida no Brasil:
No Brasil a crise teve dois
efeitos. Na época a economia brasileira ainda era totalmente baseada na produção
agrícola e o café era o principal produto exportado pelos brasileiros. A maior parte do café brasileiro era comprado
pelos norte-americanos que com a crise, logicamente, passaram a consumir menos
provocando o estoque do produto no Brasil e consequentemente a queda no preço.
Com o fim da chamada República do
“café com leite” e início do governo de Getúlio Vargas, em 1930, milhares de
sacas de café foram compradas e destruídas pelo governo brasileiro numa
tentativa de impedir que os preços caíssem ainda mais. Se por um lado a
economia brasileira e, sobretudo os grandes cafeicultores sofriam com a crise,
outro setor, o industrial, foi beneficiado.
Alguns fazendeiros deixaram de
plantar café e se voltaram para as atividades industriais. Ao mesmo tempo, por
conta da desvalorização da moeda nacional, os produtos importados além de raros
tornaram-se muito caros. O governo Vargas compreendeu essa realidade e passou a
valorizar e a incentivar a produção industrial brasileira.
um
programa para superar a crise
Nas eleições de
1932 Herbert Hoover tentou se
reeleger para o cargo de presidente dos Estados Unidos, entretanto, os
eleitores preferiram o democrata Franklin Delano Roosevelt, que venceu seu
adversário por uma diferença de 7 milhões de votos e governou o país de 1933 a
1945. Roosevelt assumiu a presidência tendo importantes compromissos: recuperar
a economia e encontrar uma solução para o problema da falta de empregos.
Logo no início
de seu governo foi adotado o New Deal,
um programa inspirado nas ideias do economista inglês John Keynes[3] e que
visava superar todos os problemas provocados pela crise. Até então, os
norte-americanos eram favoráveis ao liberalismo econômico e contrários a
qualquer tipo de intervenção do Estado na economia. Porém, o programa
contrariava tudo aquilo que o governo dos Estados Unidos historicamente pregava
para o funcionamento da economia. O New
Deal previa:
- intervenção do governo em todas as atividades econômicas. O governo
passou a regular as atividades bancárias, as operações da Bolsa de Valores e a
supervisionar sindicatos e as indústrias.
- no setor trabalhista, o governo decretou carga horária semanal de 40
horas, pagamento do salário mínimo e criou o salário desemprego para proteger
os trabalhadores.
- controle, por parte do governo, da produção agrícola e da extração de
petróleo e de carvão. Os preços desses produtos também passaram a ser
controlados pelo governo.
- empréstimos feitos pelo governo a fazendeiros para que esses pudessem
pagar suas dívidas.
- com o objetivo de criar novos empregos, o governo passou a investir
pesadamente na construção de grandes obras públicas.
O programa
proposto pelo governo obteve resultados positivos, já que as medidas tomadas
garantiram a sobrevivência das pessoas mais pobres e fizeram com que consumo da
produção aos poucos se normalizasse. A indústria voltou a produzir e a oferecer
novamente oportunidades de empregos para os operários e os agricultores, da
mesma forma, conseguiram se recuperar financeiramente. Mesmo assim, a economia
recuperou-se totalmente com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939 quando
os Estados Unidos começaram a fornecer grandes quantidades de produtos aos
países europeus.
Apesar de ter
sido criticado inicialmente pelos setores mais conservadores da sociedade que o
acusavam de comunista por estar intervindo nos assuntos econômicos, o sucesso
do New Deal garantiu a Roosevelt
prestigio suficiente para ser reeleito três vezes. Mesmo assim, especialmente
na Europa e independente da gradativa recuperação dos norte-americanos, a
quebra da economia mais rica o mundo serviu para despertar muitas dúvidas em
relação ao modelo liberal da economia capitalista. Para muitos, era preciso um
Estado forte e centralizado que substituísse o liberalismo pelo nacionalismo.
Surgiriam assim os regimes totalitários.
A
Rússia de Stalin
A crise econômica que atingiu a Europa no período
pós-guerra não afetou diretamente a Rússia. No ano de 1917, em meio a Primeira
Guerra Mundial, os russo deram inicio a um processo revolucionário retirou do
poder o Czar Nicolau II que governava o país de forma absoluta a mais de 20
anos. Após sérias disputas entre diferentes partidos, Lênin assumiu o poder na
Rússia e adotou um regime socialista
pelo qual o governo tem grande controle sobre a economia e a sociedade. Em 1918
o Partido Comunista tornou-se o único,
impedindo qualquer tipo de oposição, e em 1922 foi criada a URSS (União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas). Após
a morte de Lênin, em 1824, teve início uma luta interna dentro do PCURSS para
ver quem assumiria o poder. Stalin venceu a disputa e em seu governo a União
Soviética entrou em uma rápida e intensa fase de industrialização e crescimento
econômico.
O governo determinava o que produzir, como produzir e como distribuir
a produção. Com o país fechado para o mercado
internacional, entre 1929 e 1940 a produção industrial da Rússia triplicou e o
índice de desemprego baixou muito. Muitas fazendas
e fábricas foram coletivizadas, isto é, passaram a ser controladas por
cooperativas que eram ligadas ao governo. Muitos
tiveram que entregar suas posses e passaram a trabalhar nas fazendas e fábricas
do Estado. A inexistência de
propriedade privada era uma característica do regime socialista.
Além da falta
de democracia, o autoritarismo
era outra forte marca do socialismo soviético. Os meios de comunicação eram constantemente censurados e todos aqueles
que fossem suspeitos de conspirar contra
o governo eram duramente perseguidos, aprisionados e até mortos. Apesar
disso, no final da década de 1930 a União Soviética era uma das principais
potências econômicas e militares do mundo, contrastando com a realidade da
maior parte dos países naquele momento. O modelo político socialista tornou-se
automaticamente um risco para as economias capitalistas. Mais tarde, após o fim
da Segunda Guerra Mundial, a URSS, representando o modelo socialista, rivalizou
com a principal economia capitalista do mundo, os E.U.A, na chamada Guerra
Fria.
OS REGIMES TOTALITÁRIOS
A Europa estava arruinada depois da Primeira Guerra
Mundial. Tendo que enfrentar uma das piores crises econômicas de sua história,
os europeus sofriam com o desemprego e com a pobreza. A lenta reestruturação
produtiva do continente dependia do suporte financeiro dos Estados Unidos e a
solução ficou ainda mais distante com a crise do capitalismo em 1929. Os
efeitos da crise permitiram o avanço de vários movimentos políticos e
ideológicos que propunham diferentes soluções para a crise. Sendo assim,
podemos dizer que a quebra do capitalismo abriu caminho para que no decorrer da
década de 1930 se formassem e se fortalecessem na Europa de governos
totalitários. Nos países atingidos pela crise, havia uma grande insatisfação
contra governos - democráticos e liberais - que não encontravam solução para os
graves problemas sociais provocados pela falência da economia capitalista. Greves
e protestos se tornavam cada vez mais comuns.
Ao mesmo tempo, o bom momento vivido pela Rússia
chamava a atenção de todos. Em alguns países a classe trabalhadora, inspirada no exemplo dos
russos, se mobilizou e passou a defender
a adoção do socialismo como novo regime político e econômico. Preocupados com o
avanço das ideias socialistas, as elites econômicas (industriais, banqueiros,
grandes comerciantes e grandes proprietários rurais) foram favoráveis à formação
de governos de extrema-direita [4]
que fossem capazes de recompor a ordem social, garantir a recuperação da
economia e combater o socialismo. Assim, recebendo apoio das elites, se
desenvolveram por toda a Europa os chamados partidos fascistas, que defendiam a construção de um
Estado forte, centralizado, nacionalista, anticomunista e totalitário. Na
maioria das vezes esses partidos chegavam ao poder fazendo uso de intensa
propaganda e de práticas violentas.
]
Dos regimes totalitários mais importantes que se formaram na Europa podemos citar o de Mussolini (Itália, 1922), Hitler (Alemanha, 1933), Salazar (Portugal, 1932) e Franco (Espanha, 1939), todos tendo como base ideológica o fascismo[5]. Apesar de terem semelhanças, os governos fascistas também apresentavam importantes diferenças e as duas vertentes mais importantes foram o fascismo italiano e o nazismo alemão.
Dos regimes totalitários mais importantes que se formaram na Europa podemos citar o de Mussolini (Itália, 1922), Hitler (Alemanha, 1933), Salazar (Portugal, 1932) e Franco (Espanha, 1939), todos tendo como base ideológica o fascismo[5]. Apesar de terem semelhanças, os governos fascistas também apresentavam importantes diferenças e as duas vertentes mais importantes foram o fascismo italiano e o nazismo alemão.
O fascismo na Itália
A Itália estava profundamente desgastada economicamente
depois da I Guerra Mundial e esse desgaste se refletia na sociedade. Nas
cidades, as greves eram frequentes e operários chegaram a assumir o controle de
algumas fábricas. A situação no campo não era melhor e milhares de camponeses
exigiam que o governo confiscasse as grandes propriedades e as dividissem entre
aqueles que não tinham terra. Uma greve de mais de dois milhões de pessoas em
1920 demonstrou bem o estado de caos em que viviam os italianos. A
possibilidade cada vez maior de ocorrer uma revolução popular e de caráter
socialista trouxe medo aos setores conservadores e industriais que passaram a
apoiar o Partido Nacional Fascista, criado em 1921 e liderado por Benito Mussolini, ex-combatente da Primeira Guerra Mundial.
Os “camisas negras”, como eram chamados os
militantes fascistas, afirmavam que somente um governo ditatorial e
profundamente nacionalista seria capaz de resolver a crise econômica na Itália.
O partido cresceu rapidamente, chegando logo a 300 mil filiados. Em julho de
1922 os fascistas conseguiram evitar uma greve geral decretada pelos partidos
de esquerda e, em outubro, realizaram a conhecida Marcha sobre Roma na qual contaram
com grande apoio popular e de importantes chefes militares. Diante da
demonstração de força dos fascistas o governo convidou Mussolini para organizar
um novo ministério. [6] Nas eleições ocorridas em 1924, apesar de
serem acusados de fraudar resultados e de fazer uso de violência, os fascistas
foram os grandes vitoriosos. Em janeiro de 1925 Mussolini assumiu o poder
determinando o fim da liberdade de imprensa, fechamento de partidos políticos e
a perseguição aos líderes da oposição.
O nazismo na Alemanha
A instalação de um governo autoritário na Alemanha está
diretamente ligada às humilhações que foram impostas ao país pelo Tratado de
Versalhes, assinado após o término da Primeira Guerra Mundial. A mudança de
regime político ao final da guerra[7]
não foi o suficiente para superação dos problemas e o povo alemão continuou
convivendo com uma série de dificuldades. Apesar de o país ter retomado o
crescimento industrial, a maior parte da população sofria com a falta de
emprego, baixos salários, altas taxas de inflação e até mesmo com a escassez de
alimento.
Assim como acontecia na Itália, ocorriam greves e
protestos contra a exploração dos capitalistas e grupos entusiasmados com o exemplo
do socialismo russo estavam próximos de iniciar uma revolução. Nesse momento,
parcela da elite política e econômica da Alemanha declarou apoio ao Partido Nazista, liderado por Adolf Hitler, e que defendia um governo
ditatorial prometendo a rápida recuperação econômica. [8]
Em 1925 Von Hindenburg foi eleito presidente
da república, porém, não conseguiu realizar as reformas necessárias. O Partido
Nazista aproveitou-se da situação para fazer duras críticas ao governo. Nas
eleições de 1932, os nazistas não conquistaram a presidência, porém, obtiveram
uma grande vitória no Parlamento (38% dos
deputados eleitos eram do Partido Nazista). Em todo o país muitos
passaram a ver Hitler como uma salvação. Em janeiro de 1933, diante do agravamento da crise,
Hitler foi nomeado por Von Hindenburg para o cargo de chanceler, isto é, chefe
de governo. [9]
No cargo, Hitler passou a combater com grande força os opositores. Em 1934, com
a morte do presidente no mês de agosto, Hitler tornou-se também presidente,
concentrando todo o poder em suas mãos, situação que foi aprovada por 90% da
população em um plebiscito. Desse modo, graças à desastrosa derrota alemã na
guerra mundial, as condições impostas pelo Tratado de Versalhes e ao apoio que
receberam das elites preocupadas com a expansão do socialismo, os nazistas
chegaram ao poder.[10]
No primeiro momento Hitler esforçou-se para consolidar o
poder alcançado pelo Partido Nazista e, fazendo uso de extrema violência,
reprimiu qualquer manifestação contrária ao seu governo eliminando inimigos
tanto dentro quanto fora do partido.
Além disso, a bandeira da república foi substituída por uma bandeira
vermelha com o símbolo do Partido Nazista (suástica - círculo branco com a cruz
gamada em preto). Na perseguição aos suspeitos de traírem o governo,
destacou-se a Gestapo (Polícia
Secreta do Estado). Todos os partidos, exceto o nazista, foram fechados, assim
como os sindicatos e jornais de oposição. [11]
Na ditadura nazista, judeus foram proibidos de trabalhar em órgãos públicos,
impedidos de se casar com “arianos” e seus bens foram confiscados. Nesse
contexto, foram criados inúmeros campos de concentração destinados a
prisioneiros judeus, comunistas, ciganos e homossexuais. [12]
As características do totalitarismo
Apesar de algumas diferenças, as características dos regimes totalitários fascismo, na Itália, e na Alemanha, onde se manifestou através do nazismo, são muito semelhantes. Algumas dessas características são:
Militarismo: o estado só poderia crescer se estivesse bem armado. Por isso, muitos recursos foram destinados para as forças armadas (exército, marinha e aeronáutica).
Nacionalismo e totalitarismo: tudo
aquilo que era próprio da nação era exaltado. Ou
seja, tudo pela nação, cuja grandeza deve ser buscada por todos os membros da
sociedade. Sendo assim, tudo era controlado pelo Estado e dependia dos
interesses do governo.
Culto a personalidade: os chefes de
estados e suas realizações eram
engrandecidas e constantemente celebradas. A forte propaganda e os discursos
calorosos desses chefes colaboraram para esse culto a personalidade.
Unipartidarismo e ausência da democracia:
só era permitida a existência de um partido político. Portanto, todos os
partidos de oposição eram reprimidos pelo governo. Sendo assim, o povo não
tinha oportunidade de participar e decidir politicamente uma vez que não
existiam eleições. Além disso, o poder legislativo era extremamente
enfraquecido.
Expansionismo: expansão
territorial é uma necessidade à sobrevivência da nação; no caso nazista,
defendia-se a ideia do "espaço vital" e, como se viu durante o
segundo conflito mundial (1939 – 1945), construir a Grande Alemanha. Essa
característica está diretamente ligada ao militarismo.
Racismo: Hitler, por exemplo, considerava a raça alemã superior e por isso com o direito de dominar as raças inferiores. A crença na superioridade racial foi uma característica particular no nazismo. Com base nesse principio Hitler ordenou a perseguição aos judeus.
Racismo: Hitler, por exemplo, considerava a raça alemã superior e por isso com o direito de dominar as raças inferiores. A crença na superioridade racial foi uma característica particular no nazismo. Com base nesse principio Hitler ordenou a perseguição aos judeus.
Repressão: controle sobre os meios de
comunicação, órgãos de segurança e sindicatos de trabalhadores.
Anticomunismo: os regimes totalitários estavam comprometidos em
combater, tanto dentro quanto fora do país, as ideias comunistas. Assim, ao
mesmo tempo em que combatiam o socialismo esse regimes defendiam o capitalismo.
Vídeos:
Entendendo a Crise de 29 (Dublado)
Questões:
1)
Com suas palavras, explique como ocorreu
a crise de 1929 e cite algumas de suas consequências.
2)
Para combater a crise o governo
norte-americano criou um programa de metas. Que programa era esse e o que ele
dizia?
3)
Que significados a crise de 1929 teve
para a economia do Brasil?
4)
Como ocorreu a quebra da bolsa de Nova
York?
5)
Com suas palavras, explique de que maneira a
crise de 1929 contribuiu para a instalação dos regimes totalitários na Europa a
partir da década de 1930.
6)
Por que motivos
a elite econômica declarou apoio a instalação dos regimes totalitários?
7)
Cite e explique algumas das características dos regimes totalitários.
8) De que modo Adolf Hitler
chegou ao poder na Alemanha? Quais foram às suas principais ações como
comandante do país?
9) Aponte algumas diferenças
que podemos notar entre o socialismo da Rússia e os regimes totalitários
instalados na Alemanha e na Itália?
[1] Bolsa de Valores é o local onde se realizam as
operações de compra e venda de ações. A palavra ação indica um tipo de papel
que representa uma parte dos bens de uma empresa. Uma vez lançadas na Bolsa, as
ações passam a ser vendidas e compradas muitas vezes e seus preços podem subir
ou descer de acordo com as expectativas de vendedores e compradores e de acordo
com a realidade da empresa.
[2] Estimasse que no auge da crise o número de
desempregados nos Estados Unidos tenha ultrapassado o de 15 milhões, o que
significava um a cada quatro trabalhadores. Nesse período o presidente dos
Estados Unidos era Herbert Hoover.
[3]
Segundo Keynes os governantes precisavam garantir
emprego a todos os trabalhadores. Além disso, Keynes defendia que a renda
deveria ser bem distribuída entre a população para que assim o poder aquisitivo
das pessoas aumentasse no mesmo ritmo que aumentasse a produção.
[4] Corrente política antidemocrática e antissocialista,
favorável a um governo forte e autoritário.
[5] O termo deriva da palavra italiana fascio (feixe) e é
carregado de simbologias. Na época do Império Romano, o Estado tinha o direito
de reprimir aqueles que contestavam a ordem pública.
[6] A Itália era uma Monarquia Parlamentarista, isto é, o
rei era Vitor Emanuel III, porém, havia a importante figura do primeiro
ministro que concentrava grande poder.
[7] No final da
guerra, o regime monárquico do Kaiser (imperador) caiu, dando início à
“República de Weimar”.
[8] A palavra nazismo vem de Nazi, que é a
abreviação de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, que de
socialista não tinha nada.
[9] A Alemanha, após a Primeira Guerra Mundial, tornou-se
uma República Parlamentarista. Nesse sistema, o presidente (poder executivo)
governa ao lado do parlamento e do primeiro ministro (chanceler) que
concentrava igualmente grande poder.
[10] Segundo Hitler, sua subida ao poder significava o
início do Terceiro Reich. Em alemão Reich significa império. O primeiro grande
império germânico é considerado o Sacro
Império Romano Germânico, surgido na Idade Média; o segundo Reich teria se
formado com a unificação alemã, em 1870. De acordo com Hitler, o Terceiro Reich
estava destinado a durar mil anos.
[11] Uma figura
fundamental na difusão do nazismo foi Joseph Goebbels, nomeado ministro da
propaganda nazista. Além de censurar os veículos de imprensa, Goebbels fazia
filmes que alienavam a população, com promessas de um mundo melhor, com a
supremacia ariana. Controlava o rádio, a televisão e os jornais, divulgando
seus filmes e discursos panfletários em prol do nazismo.
[12] Em 1923,
Hitler, indignado com as péssimas condições que os alemães enfrentavam,
oriundas da derrota na guerra, tentou um golpe de Estado e acabou sendo
preso. Foi na prisão que escreveu
a primeira parte de seu livro "Mein
Kampf (Minha Luta)" que se tornou o
livro sagrado do nazismo e onde estão as bases da doutrina nazista. Nessa obra
Hitler afirma que o povo alemão descendia de uma raça
superior (Os Arianos) e, por isso, tinha o direito de dominar as raças
inferiores, como por exemplo os judeus, acusados de serem capazes de corromper
e destruir a pureza alemã. Para Hitler a Primeira Guerra só fora desastrosa para
a Alemanha conta da traição dos judeus.
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