No final da Idade Média o
mundo que os europeus conheciam se resumia ao Oriente Médio, ao norte da África
e a uma pequena parte da Ásia a qual chamavam de Índias. E mesmo assim esse conhecimento era restrito e
obtido muitas vezes graças as expedições dos cruzados, relatos da Bíblia
ou de navegadores, como Marco Polo.[1] Assim, a Oceania e as Américas
eram totalmente desconhecidas pelos europeus. As informações a respeito de
terras e oceanos eram muitas vezes
fantasiosas. Havia a crença na
existência de monstros marinhos, sereias que enfeitiçavam marinheiros e pontos
que terminavam em um inesperado abismo. Foi
no começo do século XV que os europeus puderam e ao mesmo passaram a ter maior
necessidade de explorar “o mar tenebroso”, como chamavam o Atlântico, dando
início a processo de expansão marítima ou então a Era das Grandes Navegações.
AS MUDANÇAS ECONÔMICAS, SOCIAIS, POLÍTICAS
E CULTURAIS NA
EUROPA
Durante os
séculos XV e XVI mudanças na economia, na política e na sociedade empurraram os
europeus a partirem em busca de novas descobertas e conquistas. Nessa corrida
por novas possibilidades, primeiro Portugal, e depois Espanha, largaram na
frente. O Planeta finalmente seria
conhecido por completo. Tanto conquistadores como conquistados teriam suas
vidas radicalmente modificadas. A Europa tinha a necessidade de crescer
economicamente, de expandir-se, de buscar solução para seus problemas internos.
A partir dessa necessidade novas rotas comerciais foram descobertas e teve
início a conquista colonial da América.
MUDANÇAS CULTURAIS
O
Renascimento, além de mudar o comportamento do homem em relação a sua maneira
de pensar e de conduzir sua própria vida, permitiu um grande avanço tecnológico
e cientifico. O conhecimento geográfico
foi ampliado e os “medos” de encarar os oceanos foram sendo superados na medida
em que a curiosidade pelo desconhecido foi aumentando. Além disso, inovações
como o astrolábio, a bússola, mapas geográficos mais completos, a invenção da
caravela e novas técnicas de navegação permitiram a chegada dos europeus em
terras desconhecidas. Até mesmo a
pólvora, trazida do oriente, seria de grande utilidade para os conquistadores
garantirem a posse das terras que encontrariam. Principalmente a partir da
Reforma Protestante as autoridades católicas passaram a apoiar as iniciativas
que buscavam descobrir novas terras pelo interesse em propagar a fé cristã, ou
seja, conquistar novos fiéis fora da Europa.
MUDANÇAS POLÍTICAS
Com a crise
do feudalismo passaram a se formar na Europa as primeiras Monarquias Nacionais
ocorrendo assim a centralização do poder político. Com o apoio da burguesia e
da nobreza os reis puderam se fortalecer no poder. Essa mudança foi decisiva para o processo de
expansão marítima, já que as expedições exigiam investimentos elevados que só
poderiam ser feitos pelo governo. Portanto, a união de interesses entre rei e
comerciantes burgueses possibilitou a arrecadações de recursos necessários para
iniciar o período das Grandes Navegações. Para os reis, expandir as
relações comerciais para fora da Europa significava fortalecer-se no poder
estabelecendo colônias, para a burguesia, era uma possibilidade de novos
consumidores e de maiores lucros.
NECESSIDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS
No decorrer
do século XV os europeus enfrentavam
séria crise econômica. Na época o comércio de produtos que eram trazidos
do Oriente era muito rentável. As
chamadas especiarias orientais (pimenta, gengibre, canela, cravo, noz-moscada,
açúcar, açafrão etc.), e os artigos de luxo (porcelanas, tecidos finos de seda,
marfim, perfumes etc.) eram revendidos em toda a Europa proporcionando grandes
lucros.
Esse comércio, que era realizado pela rota do
Mar Mediterrâneo entrou em declínio quando mercadores das cidades de Gênova e
Veneza, na Península Itálica, passaram a ter prioridade sobre esse comércio e a
cobrar altas taxas de pedágios sobre viajantes de regiões mais distantes. Essa
situação encarecia o preço do produto e diminuía o lucro dos comerciantes
tornando necessária a busca de um novo caminho para o Oriente. Além disso, havia na
Europa carência de metais preciosos para cunhar moedas e os europeus sofriam com
a falta de gêneros alimentícios e de matérias primas. Parte desses problemas
poderiam ser solucionados através da ampliação de mercados fora do continente
europeu. As dificuldades se agravavam ainda mais devido ao alto índice
demográfico. O aumento populacional na
Europa trouxe problemas sociais e, nesse sentido, a descoberta e conquista de
novas terras poderia solucionar parte desse problema.
O pioneirismo de Portugal e as primeiras conquistas
Vários fatores contribuíram para Portugal ter sido o
primeiro a se aventurar em busca de novas terras fora da Europa. Entre os
principais podemos citar:
Centralização política: Portugal foi o primeiro país da Europa a se consolidar
como uma monarquia nacional após expulsar os muçulmanos da Península Ibérica
nas chamadas Guerras de Reconquista. A partir de 1385 Portugal passou a ser
governado por dom João I, da dinastia de Avis. Ligado aos interesses da
burguesia, passou a financiar as viagens de expansão marítima. Além disso, a ausência de guerras permitiu os portugueses fazerem maiores
investimentos na navegação.
Posição geográfica favorável e forte
relação com o mar: a posição de Portugal facilitava a navegação já que
toda a sua costa oeste pelo oceano Atlântico. Os portugueses já vinham há muito
tempo explorando os mares próximos de seu litoral se dedicando principalmente
as atividades pesqueiras, com destaque para a pesca de bacalhau e sardinha.
Essa era uma das principais atividades econômicas de Portugal.
Desenvolvimento náutico: a
partir de 1416, por iniciativa do infante dom Henrique, filho do rei dom João
I, os portugueses reuniram em Sagres (região ao sul de Portugal) geógrafos,
astrônomos, cartógrafos, matemáticos e os mais experientes navegadores e
aventureiros que passaram a desenvolver novas técnicas de navegação e
aperfeiçoar instrumentos e embarcações. Os historiadores chamam o encontro
desses especialistas de Escola de Sagres.
Expansão
marítima dos portugueses
Os portugueses
alcançavam grandes lucros com o comércio de especiarias e artigos de luxo
trazidos do Oriente. Esse comércio dependia basicamente da navegação pelo
Mediterrâneo e passou a entrar em declínio quando os árabes passaram a
controlar as caravanas que levavam pelos desertos os produtos do Oriente até os
portos do Mediterrâneo, e quando genoveses e venezianos monopolizaram a
distribuição desses produtos pela Europa. Com essa dificuldade tornava-se cada
vez mais necessário encontrar um novo mercado possuidor dos produtos desejados
ou um novo caminho para o Oriente. A estratégia era explorar o oceano
Atlântico, o continente africano e contornar a África para chegar às Índias. Essa iniciativa foi tomada pelos portugueses
em 1415, com a conquista de Ceuta, no norte da África. Embora essa conquista
não tenha na prática permitido grandes vantagens comerciais, representou uma
importante vitória já que os portugueses passaram a ter domínio sobre o
estreito de Gibraltar.
Ao longo da extensão do litoral africano os portugueses foram fundando
feitorias e nas ilhas conquistadas, como a da Madeira, Açores e Cabo Verde, onde
investiram na produção de cana de açúcar e na pecuária, atividades sustentadas
no trabalho escravo africano. Foi a primeira vez que os portugueses adotaram o
sistema de capitânias hereditárias. O principal objetivo dos navegadores portugueses continuava
sendo dar a volta no continente africano, ou seja, realizar o périplo africano.
No ano de 1488, Bartolomeu Dias conseguiu chegar ao Cabo da
Boa Esperança, provando para o mundo que existia uma passagem para outro
oceano. Finalmente, no ano de 1498, o navegador português Vasco da Gama
alcançou as Índias.
Os portugueses chegam ao Brasil
Após Vasco da Gama
ter encontrado as Índias Orientais, navegando pela costa africana, o rei de
Portugal, D. Manuel, decidiu enviar uma expedição para estabelecer relações
comerciais com o Oriente. A esquadra seria composta por 13 navios e contaria
com uma tripulação de cerca de 1400 homens. Além de soldados, padres e
comerciantes, estavam na comitiva experientes navegadores como Gaspar de Lemos
e Bartolomeu Dias. O comandante da esquadra seria o jovem Pedro Álvares Cabral, de apenas
32 anos. Os portugueses saíram de Lisboa em 09 de março de 1500 tendo como
destino, Calicute, na Índia. Entretanto, a frota se afastou a costa africana e,
navegando no sentido leste chegou no dia 22 de abril em uma nova terra, mais
tarde chamada de Brasil. Certamente a chegada da esquadra de Cabral ao Brasil
foi a parte mais importante da expansão marítima portuguesa. No dia 24 de abril, dois dias após a
chegada, ocorreu o primeiro contato entre os indígenas que habitavam a região e
os portugueses. De acordo com os relatos da Carta de Pero Vaz de Caminha [2] -
que é umas das principais fontes para sabermos sobre esse momento - foi um
encontro pacífico e de estranhamento, devido a grande diferença cultural entre
estes dois povos.[3]
Além de detalhar os primeiros contatos, a carta
destaca aspectos da viagem.
Existe ainda hoje uma grande
discussão a respeito da chegada dos portugueses ao Brasil. Apesar de alguns
afirmarem que foi mero acaso, ou seja, um erro de percurso da frota de Cabral,
existem indícios que mostram o contrário. Vale lembrar que os espanhóis, como
veremos adiante, haviam chegado à América em 1492 e que portanto poderia sim
existir em Portugal o plano de se encontrar o “novo mundo”, como os europeus
chamaram a terra encontrada. Além disso, a assinatura do Tratado de
Tordesilhas, assinado em 1494 entre os governos de Portugal e Espanha, indica a
possibilidade de os portugueses já terem algum conhecimento sobre terras ainda
desconhecidas pelos europeus. Como
acreditavam que a terra “descoberta” se tratava de uma ilha, a nomearam de Ilha
de Vera Cruz, primeiro nome dado ao futuro Brasil.
Mesmo encontrando uma nova
terra e tendo esperança de nela encontrarem grandes quantidades de riquezas, em
especial metais preciosos, os portugueses continuavam mais interessados no
comércio com as Índias. Por um bom tempo os portugueses vão usar o Brasil como
uma espécie de entreposto comercial onde realizava a extração do pau-brasil. Somente
a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a
coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra.
PESQUISA: biografia de Pedro Alvares Cabral
Expansão marítima dos espanhóis
A Espanha também teve destaque no processo
de descobertas e conquistas marítimas e ao lado de Portugal vai tornar-se uma
das principais potências do período. Em relação aos portugueses, os
espanhóis se atrasaram na corrida da expansão marítima pelo fato de a luta para
expulsar os mouros da Península Ibérica ter se estendido até o final do século
XV. Em 1492, quando finalmente derrotaram
os mouros, os reis espanhóis, Fernando e Isabel, passaram a fazer investimentos
nas expedições marítimas. Apesar de terem iniciado a busca por novos
territórios fora da Europa décadas depois dos portugueses, foram os espanhóis
os primeiros a chegarem à América.
Enquanto os portugueses procuravam o caminho
para as Índias contornando o continente africano, os espanhóis optaram por outro
caminho. Convencido de que o planeta era de fato redondo, o genovês Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia
chegar às Índias navegando para o oeste. [4]
No dia 03 de agosto de 1492, sem imaginar
que encontrariam um novo continente entre a Europa e a Ásia, os espanhóis,
comandados por Colombo, iniciaram a travessia do Atlântico com as caravelas
Santa Maria, Pinta e Niña. Dois meses depois, no dia 12 de outubro, acreditando
terem chegado as Índias, a comitiva ancorou em uma ilha, batizada por Colombo
com o nome de San Salvador. Ao desembarcarem os espanhóis fixaram as bandeiras
reais e o escrivão da Armada, Rodrigo de Escobedo, redigiu documento de posse
da terra.
Por mais de três
meses a comitiva espanhola percorreu a região, de ilha em ilha. Embora não encontrassem as riquezas
deslumbrantes descritas pelo viajante Marco Pólo, os espanhóis continuavam
acreditando ter atingido as Índias. Por esse equivoco os nativos acabaram sendo
chamados de índios. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio
identificou as terras como sendo um continente ainda não conhecido dos
europeus, que passou a ser chamado em sua homenagem de América. Além de Colombo
e de Américo Vespúcio podemos citar outros dois navegadores importantes
navegadores que participaram das conquistas ou descobertas marítimas da
Espanha: Vasco Nunez, que atingiu o oceano Pacífico, e Fernão de Magalhães que em 1521 foi o primeiro a completar a volta ao
mundo. A “descoberta” da América modificou completamente o pensamento de
que o mundo era formado por três blocos de terra: Ásia, Europa e África,
cercados por um grande e único oceano.
PESQUISA: América, quem chegou primeiro? PESQUISA: Fenícios no Brasil?
Os tratados entre Portugal e Espanha
Havia grande rivalidade entre Portugal e
Espanha pela conquista de novas terras e mercados fora da Europa. Tentando
evitar conflitos mais sérios, as duas coroas assinaram vários tratados que
estabeleceram regras no processo de descoberta
e direito sobre novos territórios. Em 1480 foi assinado o Tratado
de Toledo, que garantia a Portugal a posse de todas as terras que
fossem encontradas o sul das ilhas Canárias.
A disputa entre os dois países tornou-se
ainda mais acirrada a partir da chegada de Colombo na América. O governo da
Espanha tratou de assegurar seus direitos sobre a terra encontrada e sobre
outras que ainda poderiam ser encontradas através da Bula
Inter Coetera, assinada pela papa Alexandre VI em 1493 e que
estabelecia um meridiano a 100 léguas a oeste de Cabo Verde e que dividia a
América entre Portugal e Espanha. As terras que fossem encontradas a oeste
desse meridiano iriam pertencer aos espanhóis, as que fossem encontradas a
leste pertenceriam aos portugueses. Por essa divisão a Espanha assegurava a
posse de toda a América restando a Portugal explorar as terras africanas. O
governo português não aceitou a bula e exigiu uma nova divisão. Procurando uma
solução os reis de Espanha e Portugal assinaram em 1494 o TRATADO
DE TORDESILHAS. Pelo Tratado de Tordesilhas foi traçada uma
nova linha imaginária situada a 370 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde. As terras a oeste dessa linha pertenceriam a
Espanha, enquanto que as terras a leste seriam de Portugal. O tratado dividiu o
“mundo descoberto” entre espanhóis e portugueses, deixando naturalmente
insatisfeitos franceses e ingleses que foram excluídos da partilha.
A expansão marítima de
Inglaterra, França e Holanda
A descoberta de um novo caminho marítimo para as Índias e a chegada de
Colombo à América provocaram a cobiça de outras importantes nações europeias. A
consolidação de Inglaterra, França e Holanda como monarquias nacionais foi mais
tardia do que a de Portugal e Espanha, o que explica, em partes, o atraso
desses países na corrida da expansão marítima. [5]
Quando estiveram em condições e passaram a almejar a busca por novos
territórios, ingleses, franceses e holandeses passaram a questionar a validade
do Tratado de Tordesilhas e ameaçar o controle que Portugal e Espanha tinham
sobre a América.
Sem condições de concorrer com os países ibéricos que já dominavam as
rotas do Atlântico Sul, Inglaterra, França e Holanda concentraram seus esforços
no Atlântico Norte. Assim como portugueses procuraram por quase um século uma
passagem para as Índias explorando o hemisfério sul, várias expedições foram
organizadas com o objetivo de atingir o Oriente explorando o hemisfério Norte. [6]
O caminho até as Índias não foi encontrado, porém possibilitou a ocupação
e exploração da América do Norte, especialmente pela Inglaterra a partir de
1585. Pelo tratado de Tordesilhas, esse território pertenceria a Espanha. Como
espanhóis ainda não haviam conquistado a porção norte do “novo mundo”, franceses
e principalmente ingleses fizeram valer o principio do direito internacional
conhecido como utti possidetis, pelo qual o direito sobre a terra é daquele
que a ocupa.
Superado o estágio de reconhecimento e de conquista os ingleses
iniciaram a colonização. Em 1620 um grupo de ingleses, muitos deles puritanos
que fugiam das perseguições religiosas ou então procuravam uma nova
oportunidade de vida, fundaram a cidade de Plymouth, no atual estado de
Massachusetts. A partir disso se formaram no norte as chamadas treze colônias,
conhecidas também como a
Nova Inglaterra. O inverno rigoroso do norte impedia a produção de gêneros
como algodão e tabaco, por exemplo. Desse modo, as terras mais ao sul passaram
a ser mais valorizadas pelos colonos ingleses.
Os franceses fundaram povoamentos bem ao norte da América, onde atualmente
é o Canadá. Ao avançar para o interior os franceses fundaram a Nova França.
Ao ocuparam o vale do rio Mississipi criaram a Louisiana e o principal povoado francês
na região foi Nova Orleans, fundado em 1717. A grande dificuldade em se
encontrar caminhos marítimos distantes dos controlados pelos portugueses e
espanhóis levou os reis da França e da Inglaterra a incentivarem a pirataria.
Protegidos pelos reis de seus países, esses salteadores dos mares passaram ficaram
conhecidos como corsários e em troca da
proteção oficial parte do que pilhavam dividiam com a própria Coroa.
A Holanda também teve um breve período de ocupação na América do Norte
quando fundaram, em 1626, a Nova Amsterdã. Porém, a presença holandesa na região
vai ser maior devido a Companhia das
Índias Ocidentais[7], que vai ter o monopólio do comércio holandês na
América. Na América do Sul os holandeses vão atacar e ocupar por um tempo
territórios que pertenciam a Portugal, no Brasil. Em 1664 os ingleses
conquistaram a Nova Amsterdã e a renomearam de Nova York.
Colonização inglesa Colonização francesa Colonização holandesa
A história
dos povos americanos não se iniciou com a chegada dos europeus, no século XV.
Quando estes desembarcaram no continente encontraram várias sociedades. Algumas
mais desenvolvidas, como a asteca e a inca, por exemplo, dominadas por
espanhóis, e outras mais primitivas que foram encontradas especialmente por
portugueses. Ao longo dos séculos a ação do colonizador europeu acabou
eliminando grande parte dos vestígios desses povos.
Aos olhos
dos europeus, os nativos americanos precisavam ser conduzidos ao mesmo padrão
de cultura deles, ou seja, precisavam ser convertidos ao cristianismo,
responder a um rei e ter os mesmos costumes. No início, o contato entre europeus
e os nativos foi marcado pelo estranhamento. Para os europeus, ver homens e
mulheres despidos era tão diferente quanto era para os índios ver aquela gente
que vestia roupas pesadas, usava barba e montava animais desconhecidos. Europeus
não entendiam por que o ouro não significava para os povos da América a mesma
coisa que significava para eles. A cobiça pelo ouro - tão natural para os
europeus - era incompreensível para os ameríndios. A conquista violenta e a
ocupação do território pelos europeus tratariam de demonstrar quanto eram
diferentes essas duas culturas.
Para
dominar os Impérios Inca e Asteca, os espanhóis realizaram uma verdadeira
guerra de conquista. Muitas pessoas morreram e a maioria dos sobreviventes foi
submetida a trabalhos pesados nas minas e plantações espanholas da América. O
contato com os portugueses não foi menos devastador. Para os nativos, a
sensação de estranhamento deu lugar ao medo, e para os europeus deu lugar à dominação.
Ao longo do século XVI, verificou-se um dos maiores genocídios da
História.
A conquista
da América
Embora não
sejam números precisos, acredita-se que antes da chegada dos conquistadores
europeus havia em todo continente americano cerca de 80 milhões de habitantes.
Para termos uma ideia do que esse número representa, nessa mesma época Portugal
e Espanha juntos tinham um pouco mais de 10 milhões de habitantes. Vamos ver a seguir de que maneira os europeus
puderam dominar os povos que habitavam a América mesmo estando em minoria
absoluta, lembrando que as estratégias de conquista utilizadas por espanhóis e
portugueses não foram sempre as mesmas. Vamos destacar dois pontos que
normalmente explicam o domínio europeu sobre os povos americanos.
SUPERIORIDADE MILITAR e DOENÇAS:
As armas dos conquistadores eram mais resistentes e principalmente
mais eficientes do que a dos povos americanos.
Especialmente os espanhóis fizeram uso de armas de fogo como arcabuzes e canhões, e
ainda utilizaram o cavalo nos combates, que lhes garantiam maior
mobilidade nos combates. Essas armas e mesmo o cavalo, eram desconhecidas pelos
indígenas que utilizavam arcos, flechas envenenadas, lanças, e atiradeiras de
pedra que não tinham, obviamente, a mesma eficiência. Além
disso, os europeus puderam se aproveitar da rivalidade que existia entre os
diversos grupos que ocupavam o território e dos conflitos que
existiam entre eles. Em outras palavras,
em muitos casos o próprio indígena se tornava um aliado na conquista.
Deve se considerar também o grande número de doenças contagiosas que
foram trazidas pelos europeus. O sarampo, a tifo, a coqueluche, a varíola, a
malária e até mesmo a gripe foram trágicas para os nativos que não tinham
resistência contra essas epidemias e não sabiam como combatê-las. Muitos acreditavam estar sendo castigado
pelos deuses.
DOMINAÇÃO
CULTURAL:
Como vimos, a chegada dos europeus na América
significou o encontro entre sociedades completamente diferentes em todos os
sentidos. Os povos americanos foram forçados a mudar completamente seu modo de
vida em função das necessidades e ganância do europeu. Os conquistadores alteraram profundamente o
modo de vida dos nativos, modificando o ritmo de trabalho, forçando-os a
trabalhos que nunca haviam feitos e deslocando populações inteiras para regiões
diferentes e distantes.
A religião foi outro importante elemento de dominação
cultural dos indígenas. Tanto
portugueses quanto espanhóis procuraram impor o cristianismo aos povos nativos,
que tiveram suas crenças completamente ignoradas.. Os espanhóis chegaram a construir igrejas
sobre templos religiosos dos astecas, por exemplo. Nesse processo, a Companhia de Jesus e
a chegada dos padres jesuítas com o
compromisso de organizar aldeamentos e catequizar o nativos teve grande
importância.
O impacto da conquista
Os efeitos da
conquista da América para europeus e americanos
A chegada
do europeu na América foi um acontecimento único e provocou um grande choque de
culturas. Sendo assim, as consequências, tanto para conquistados como para
conquistadores foram profundas. A principal
e mais trágica consequência para os povos nativos da América certamente foi o extermínio das populações que não aceitavam a dominação.
Além disso, os europeus impuseram aos povos americanos costumes que afetaram
profundamente aspectos culturais e a sobrevivência de centenas de
comunidades. Populações inteiras foram
exploradas ao serem forçadas a trabalhar para os conquistadores e tiveram seus
registros históricos e culturais destruídos. Na Europa as mudanças também foram
profundas, porém, estiveram longe de serem trágicas. Entre as principais
podemos citar:
- Houve grande
aprimoramento nas técnicas ligadas a navegação e ampliou-se o conhecimento
geográfico.
- Mudança
do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. ampliação de mercados e fortalecimento da burguesia mercantil e estimulo a produção de
manufaturas para abastecer as colônias na América.
- Acúmulo
na Europa de grandes quantidades de metais preciosos (ouro e prata) e
fortalecimento das monarquias nacionais.
- Emigração
de parte da população europeia para a América, colaborando na solução de parte
dos problemas sociais da Europa.
- Maior
competição econômica entre os países europeus e aumento pela busca do
lucro.
QUESTÕES:
1) Com suas palavras, explique por que não é correto
falarmos em descoberta da América ou do Brasil.
2) De que modo o Renascimento teve importância na expansão
marítimo- comercial iniciada no século XV?
3) A expansão marítima iniciada no século XV dependeu de um
conjunto de mudanças que ocorriam na Europa e foi motivada ao mesmo tempo por uma
série de necessidades. Escreva sobre isso.
4) Por que motivo os europeus buscavam uma nova rota para
chegar as Índias?
5) Descreva o plano de Portugal e o plano da Espanha para
chegarem as índias.
6) Por que, mesmo utilizando uma rota mais distante para
chegar as Índias os portugueses puderam ter grandes lucros com a navegação?
7) Que razões tiveram os europeus para iniciarem a busca
por novos territórios?
8) Que interesses tinha a Igreja Católica com a descoberta e conquista de novas terras?
Explique.
9) Que razões podem explicar o pioneirismo de Portugal na
navegação em busca de novos territórios?
10) Portugal e Espanha foram os primeiros países a chegarem
em terras desconhecidas pelos europeus. Para evitarem desentendimentos os
governos desses dois países firmaram diversos tratados. Qual foi o principal
tratado firmado entre Portugal e Espanha? O que esse tratado estabelecia?
11) Por que os ingleses e franceses entraram tardiamente no
processo de expansão marítima? Quando isto aconteceu, onde eles concentraram
seus interesses?
12) Relacione as principais consequências da expansão
marítimo-comercial e da conquista da América.
13) Uma das consequências da chegada do europeu na América foi o extermínio das populações
americanas que aceitaram a dominação. Explique de que maneira os europeus
conseguiram conquistar e destruir as culturas da América mesmo estando em minoria.
VÍDEOS:
A conquista da América?
Quem descobriu a América?
________________________________
[1] Marco Polo nasceu na cidade italiana de Veneza no ano de 1254 e foi um importante explorador da Idade Média. Ainda na adolescência fez uma viagem junto com seu pai e tio para a China, onde viveram por 17 anos. Durante este período Marco Polo tornou-se representante internacional do imperador chinês. Visitou várias regiões a Ásia, como, por exemplo, Índia e Tibet. Com esta importante função, Marco Polo ganhou riquezas e popularidade. Em 1292 Marco Polo iniciou a viagem de retorno para Veneza. Em 1298 foi capturado pelos genoveses (inimigos comerciais dos venezianos). Enquanto estava preso, ditou um livro com suas experiências e aventuras: “As viagens de Marco Polo”. Seu livro foi bastante lido na época, pois descrevia as riquezas, belezas e aspectos culturais dos povos asiáticos do período. Marco Polo faleceu no ano de 1324.
[3] Ocorreu nesse primeiro momento um verdadeiro “choque de culturas”. Houve estranhamento de ambos os lados. Os portugueses estranharam muito o fato dos índios andarem nus, enquanto os indígenas também estranharam as vestimentas, barbas e as caravelas dos portugueses.
[5] Até 1456, ingleses e franceses travaram Guerra dos Cem Anos que desgastou uma enorme quantidade de dinheiro e homens por mais de um século. Terminada a guerra, a França, que suportou praticamente toda a guerra em seu território, teve que recuperar sua força produtiva. Já na Inglaterra a disputa pelo trono provocou uma disputa interna entre as famílias Lancaster e York, conhecida como Guerra das Duas Rosas. A paz só foi alcançada em 1485, com a coroação de um membro da família Tudor, Henrique VII, que tinha laços de parentesco com as duas casas de nobres. Os Países Baixos também estiveram envolvidos numa série de disputas entre nobres e o rei. A região de Flandres, desde o século 12, se destacou por seu desenvolvimento manufatureiro e seu próspero comércio, tendo chegado a ser alvo da disputa entre a França e a Inglaterra na Guerra dos Cem Anos.
[6] O francês Cartier (1536), a serviço do rei Francisco 1º, e os ingleses Davis e Hudson (1576/1578) já haviam tentado encontrar uma ligação entre o Atlântico e o Pacífico através da América do Norte, mas foi William Baffin quem concluiu, em sua expedição, entre 1615 e 1616 que, por ali, "não havia passagem, nem esperança de passagem". Pelo nordeste da Europa, Sir Richard Chancellor chegou a Arcangel, na Rússia, em 1553. Em 1584, expedições inglesas e holandesas (os dois grandes rivais da Espanha, naquele momento) concluíram ser impossível transpor a barreira de gelo do arquipélago russo de Nova Zembla em busca de uma passagem para o sul, que pudesse cortar ou contornar toda a Ásia e levá-los ao Índico e às especiarias de sua costa.
muito bom!
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