Poucos anos
depois de os colonos norte-americanos terem se revoltado e proclamado a
Independência dos Estados Unidos,[1] os
ideais de liberdade e igualdade provocaram o início de um importante processo
revolucionário na França, país onde ainda predominava a estrutura do Antigo
Regime.[2] A
Revolução Francesa, iniciada em 1789 e liderada pela burguesia, inspirou
movimentos populares em várias regiões do planeta e por sua importância
histórica é considerada pelos historiadores como sendo o episódio que encerrou
a Idade Moderna e iniciou a Idade Contemporânea.
A
França antes da revolução
Podemos chamar de revolução todo
movimento que conta com grande participação popular e que ao final é capaz de
provocar transformações profundas na organização da sociedade. Assim, precisamos
entender a realidade política, econômica e social da França no período que
antecede a revolução. Apesar de ser um
dos países mais populosos da Europa – com cerca de 25 milhões de habitantes – e
de ser uma das monarquias mais poderosas da época, a França enfrentava, no
final do século XVIII, uma crise generalizada que atingia todos os setores. As
dificuldades econômicas, os privilégios e desigualdades sociais e políticas e o
excessivo poder do rei tornavam praticamente impossível impedir as
manifestações que exigiam mudanças e o início de uma grande revolta.
A
situação política
A monarquia francesa era absolutista, ou
seja, o rei concentrava todos os poderes em suas mãos sendo responsável direto
pela elaboração e execução das leis, pela condução da política interna e
externa e por fazer a justiça. O conjunto de leis atendia aos
interesses da nobreza e sacrificava os setores mais populares. Luís XIV,[3]
conhecido como Rei Sol, foi o maior
representante do poder absolutista na França. Quando se iniciou o processo
revolucionário, no final do século XVIII, o rei dos franceses era Luís XVI, que
governava a França desde 1774 e que, além de abusar de seus privilégios,
demonstrava ser incapaz de reverter a difícil situação do país.
A
crise econômica
No momento que antecede a
revolução a França passava por uma terrível crise econômica, provocada e
agravada por diversos fatores. Apesar do desenvolvimento industrial e
comercial ter fortalecido principalmente a burguesia, a condição econômica da
França era crítica. Com cerca de 80%
da população vivendo na área rural, a economia era basicamente agrária. Entre
1785 e 1788 a situação, que já não era boa, agravou-se devido às dificuldades agrícolas provocadas por
sequentes secas e más colheitas. Com a falta de grãos os preços dos alimentos
subiram rapidamente e muitos franceses passaram a sofrer com a falta de comida.
A crise agrícola atingiu também, ao mesmo tempo, o comércio e a produção de
manufaturas provocando o aumento do desemprego e manifestações por todo o país.
[4]
Com o crescimento da miséria
assaltos tornaram-se comuns tanto nos campos quanto nas cidades. Além dessas
dificuldades, o envolvimento em guerras,
como a Guerra dos Setes Anos, na qual foram derrotados pela Inglaterra e a Guerra
de Independência dos Estados Unidos, quando auxiliaram os colonos
norte-americanos, tornaram insustentável a crise econômica. Procurando amenizar os problemas, o governo francês assinou uma série de acordos
comerciais, que não tiveram, entretanto, o resultado esperado. O acordos representaram um desastre para a economia francesa. O principal deles foi assinado em 1786 com a
Inglaterra e estabelecia que a França venderia vinho para os ingleses sem pagar
tarifas alfandegárias e em troca permitiria que os produtos manufaturados dos
ingleses entrassem no país também sem tarifas. A medida foi um fracasso para a
indústria francesa, sobretudo para a indústria têxtil que não tinha condições
de concorrer com os produtos ingleses que eram de qualidade superior. Para
completar, os altos custos para manter o luxo da
corte agravavam ainda mais o quadro de dificuldades. Essa soma de problemas enfrentados e
mais os privilégios que eram dados à parte da população que estava isenta de
pagar impostos faziam da França um país que gastava muito mais do que
arrecadava.
A organização da sociedade
e as desigualdades
Durante o século XVIII a sociedade francesa ainda conservava
características típicas da sociedade feudal: estava dividida em três estados ou
ordens, praticamente não existia mobilidade social e baseava-se nos privilégios
adquiridos no nascimento. O primeiro estado era formado pelo clero; o segundo
estado, pela nobreza; o terceiro estado, pelo restante da população. Os
privilégios que detinham o primeiro e o segundo estado, que estavam isentos de
pagar impostos, por exemplo, ocupavam os cargos públicos mais importantes e
tinham maior participação política, foram motivos fundamentais para os
representantes do terceiro estado iniciarem a luta por mudanças na França.
Clero: O primeiro estado era formado pelo clero, ou seja, representantes da
Igreja Católica, religião oficial na França. Representava cerca de 0,5% da
população (125 mil pessoas). Havia o alto clero, constituído por pessoas que
provinham da nobreza, e o baixo clero, constituído por aqueles que eram origem
social inferior e não tinham os mesmos privilégios do alto clero. O clero
estava livre do pagamento de impostos, tinha o direito de cobrar o dízimo e
importante participação política.
Nobreza: Formado pela nobreza, o segundo estado representava
cerca de 1,5 % da população com 375 mil pessoas. Os nobres eram donos de mais
da metade das terras da França e estavam isentos de pagar impostos. Além disso,
os nobres ocupavam os cargos administrativos e militares mais importantes e
tinham grande prestigio político. Parte da nobreza vivia na corte (nobreza
cortesã), aproveitando o luxo e sendo sustentado pelo dinheiro público,
outra parte vivia no campo, á custa dos lucros que recebiam ao explorar o trabalho
dos camponeses (nobreza provincial). Havia ainda a nobreza de toga,
burgueses ricos que se tornaram nobres através da compra de um título de
nobreza.
Burgueses e camponeses: Com 24,5 milhões de pessoas, o terceiro estado
representava 98% da população francesa. Era formado em sua maioria por
camponeses que ainda viviam presos às obrigações feudais - cerca de 80% da
população - e pela burguesia. Os burgueses estavam divididos em dois grupos. A
alta burguesia: banqueiros, empresários e grandes comerciantes; e a baixa
burguesia: profissionais liberais (professores, advogados, médicos
etc.) e médios comerciantes. O camponês era o que mais sentia os efeitos dos
privilégios concedidos à minoria da população, já que a maior parte não possuía
terras e tinha que cumprir com uma série de obrigações. A burguesia, apesar de
ter o poder econômico, não tinha prestígio social, sofria com os altos tributos
cobrados pelo governo e com a falta de participação política. Era o terceiro
estado que sustentava a França bancando as guerras e os luxos do governo.
O começo da Revolução:
a formação da Assembleia dos Estados Gerais
O maior
problema da França, que gastava mais do que arrecadava, certamente era a crise financeira.
Todos os setores da sociedade concordavam que seria preciso, mais do que
diminuir os gastos, aumentar a arrecadação. Para resolver esse problema o rei
Luís XVI contava com o auxílio do Ministério das Finanças[5]
que sugeriu uma reforma tributária para
equilibrar os cofres públicos. Apesar de os diferentes setores entenderem essa
atitude como sendo necessária, era justamente nesse ponto que começavam os
desentendimentos. Quem pagaria os novos ou mais elevados impostos?
O Terceiro Estado afirmava não ter condição de
contribuir com mais. Durante muito tempo a burguesia aceitou a forma como
estava organizada a sociedade francesa. Porém, especialmente a partir da
segunda metade do século XVIII, mais conscientes de sua importância para a
economia do país, inspirados nas ideias de liberdade e de igualdade do
Iluminismo e tendo o exemplo da revolução que provocou a Independência dos
Estados Unidos, burgueses, em sua maioria, além dos outros grupos de
trabalhadores, passaram a contestar a ordem social que privilegiava o clero e a
nobreza. Por outro lado, membros da nobreza e do clero recusavam-se a contribuir
com o pagamento de impostos. A primeira proposta do governo, apresentada na Assembleia dos Notáveis (formada por nobres
escolhidos pelo rei), previa que todos os setores contribuíssem com o
governo.
Os nobres rejeitaram imediatamente essa possibilidade e passaram a exigir que o rei convocasse a Assembleia dos Estados Gerais, onde deputados dos três estados se reuniriam para discutir a reforma tributária. Os Estados Gerais não se reuniam na França desde 1614, e, apesar de não estar disposto a convocá-la, o rei acabou sendo convencido.
As eleições para a escolha dos deputados que formariam a Assembleia foram agitadas e amplamente favoráveis aos objetivos do terceiro estado.
Os nobres rejeitaram imediatamente essa possibilidade e passaram a exigir que o rei convocasse a Assembleia dos Estados Gerais, onde deputados dos três estados se reuniriam para discutir a reforma tributária. Os Estados Gerais não se reuniam na França desde 1614, e, apesar de não estar disposto a convocá-la, o rei acabou sendo convencido.
As eleições para a escolha dos deputados que formariam a Assembleia foram agitadas e amplamente favoráveis aos objetivos do terceiro estado.
Ao
exigirem a convocação da Assembleia dos Estados Gerais, que se reuniu no
Palácio de Versalhes, os membros do clero e da nobreza tinham a certeza de que
venceriam a discussão e manteriam seus privilégios, obrigando ainda os membros
do terceiro estado a assumirem uma maior carga tributária.
Essa certeza se devia ao sistema de voto
adotado na assembleia que era “por estado” e não “por
cabeça”. Desse modo, apesar de contarem com um número menor de deputados
em relação ao número de deputados do terceiro estado,[6]
a forma de votação dava plenas vantagens ao clero e à nobreza que tinham os
mesmos interesses e unidos obteriam sempre a vitória fazendo 2 votos contra
1.
Na abertura da reunião, antes mesmo de se iniciarem os debates referentes a reforma tributária, os membros do terceiro estado, representando a maioria do povo francês, começaram a campanha em favor da votação por cabeça que permitiria uma vitória absoluta. Entretanto, no início dos trabalhos, em 5 de maio de 1789, o rei Luís XVI, apoiado e pressionado pela nobreza e pelo clero, declarou que a votação continuaria sendo por estado.
Na abertura da reunião, antes mesmo de se iniciarem os debates referentes a reforma tributária, os membros do terceiro estado, representando a maioria do povo francês, começaram a campanha em favor da votação por cabeça que permitiria uma vitória absoluta. Entretanto, no início dos trabalhos, em 5 de maio de 1789, o rei Luís XVI, apoiado e pressionado pela nobreza e pelo clero, declarou que a votação continuaria sendo por estado.
A rebelião
do terceiro estado e a Assembleia Nacional Constituinte
A falta de
entendimento quanto ao sistema de votação aumentou ainda mais o clima de tensão
entre as diferentes ordens. No dia 17 de junho de 1789, inconformados com a
decisão do rei de manter o sistema de votação antigo, os deputados do terceiro
estado, que contaram com o apoio de alguns membros do baixo clero e de nobres
togados, abandonaram Versalhes e dirigiram-se para Paris onde se reuniram em
uma nova assembleia, a Assembleia Nacional Constituinte. Na
Assembleia Nacional os deputados juraram permanecer reunidos até elaborar uma
constituição para a França. Um dos
principais lemas criados e espalhado pelos revolucionários, que já armazenavam
armas e se organizavam para enfrentar a reação do governo, dizia: Liberdade,
Igualdade e fraternidade.[7] Assustado
com a atitude dos representantes do terceiro estado, Luís XVI procurou reagir
rapidamente ordenando o fechamento da sala onde estavam reunidos os deputados
fechando assim a Assembleia Nacional. Entretanto, as tropas enviadas pelo
governo não foram capazes de deter a revolta popular que tomava conta das ruas.
Mirabeau, um dos representantes mais
importantes do terceiro estado, respondeu ao enviado de Luís XVI no momento em
que a sala de reuniões foi cercada pelas tropas: “Retornai e dizei ao vosso senhor que aqui estamos pela vontade do povo
e daqui só sairemos pela força das baionetas”.
No dia 14
de julho de 1789 os revolucionários alcançam uma importante vitória ao
invadirem a Bastilha, prisão para onde eram levados todos os inimigos do
governo e que servia também como depósito de armas do exército francês. Embora estivesse
praticamente desativada, ela representava todo o poder da monarquia absolutista
e por isso, a Tomada
da Bastilha, como ficou conhecido esse episódio, é considerada por
muitos como sendo o momento oficial do início a revolução.[8]
A notícia de que a Bastilha havia sido tomada por populares se espalhou
rapidamente por todo o país. Nas áreas rurais ocorriam diariamente revoltas de
camponeses contra os nobres senhores. Sem forças para acalmar a agitação, Luís
XVI reconheceu a validade da Assembleia Nacional e ficou aguardando as
primeiras medidas dos deputados que estavam reunidos.
As primeiras decisões da Assembleia Nacional
Enquanto
os deputados trabalhavam na formulação de uma constituição que acabasse com o
poder absoluto do rei, centenas de nobres e representantes do clero,
aterrorizados com a fúria das classes mais populares, buscaram refúgio em países
vizinhos. A primeira preocupação dos deputados reunidos na Assembleia Nacional
era conter a onda de violência que se espalhava pela França. As
primeiras medidas visavam atender de forma imediata as principais
reivindicações do povo.
No dia 04 de agosto foi decretado o fim dos direitos feudais que os nobres senhores tinham
sobre os camponeses. No mesmo dia foram abolidos os privilégios tributários da
nobreza e do clero que a partir desse momento passaram a ter a obrigação de contribuir com o
pagamento de impostos. Após essas
importantes medidas, a Assembleia Nacional proclamou, no dia 26 de agosto de 1789, a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, que resumia a luta dos
revolucionários franceses contra a monarquia absolutista e os privilégios do
clero e da nobreza. A declaração
defendia o respeito à dignidade humana; a liberdade de pensamento e de opinião e a
igualdade de todos perante a lei.
Em 1790 os
deputados da Assembleia Nacional tomaram outra importante decisão através da Constituição
do Clero, que confiscou as terras da igreja e transformou os membros do
clero francês em funcionários do Estado.
A agitação popular crescia em toda a França. A grande participação de
camponeses no movimento revolucionário fez com que setores da igreja e da
nobreza aceitassem as mudanças feitas pelos revolucionários burgueses. Outros, inconformados
com a situação, associavam-se a outras monarquias europeias tramando uma reação contra revolucionária.
A constituição da França
Para o rei Luís XVI a constituição significaria,
certamente, perder seus poderes absolutos. Depois das primeiras medidas, que
visavam acalmar os revoltosos mais radicais que exigiam mudanças imediatas,
finalmente, em setembro de 1791, foi
concluída e proclamada a constituição que estabeleceu:
Ø A criação
dos três poderes: executivo, legislativo e judiciário;
Ø Extinção
dos privilégios do clero e da nobreza;
Ø A
Igualdade de todos perante a lei;
Ø o
voto censitário (baseado na riqueza do cidadão). As mulheres continuaram sem o
direito de voto;
Ø A
liberdade de produção e de comércio, acabando com a intervenção do Estado na
economia;
Ø As
greves de trabalhadores foram proibidas e a escravidão foi mantida nas
colônias;
Ø A
liberdade de crença religiosa, separação entre Estado e Igreja e nacionalização
dos bens do clero;
As medidas
aprovadas demonstraram os limites das mudanças. As reivindicações dos
camponeses e das camadas mais populares de Paris, chamadas de sans-culottes,
não foram atendidas. A constituição
elaborada pela assembleia tornava a França uma monarquia
constitucional, ficando o rei com o cargo de chefe do poder
executivo e com o compromisso de respeitar o conjunto de leis do país. O poder
legislativo seria exercido por uma assembleia composta por deputados eleitos
para um mandato de dois anos, sendo que somente a assembleia poderia alterar as
leis. O poder judiciário seria formado por juízes também eleitos.[9]
A notícia que
uma revolução burguesa que estava colocando fim a uma monarquia absolutista se
espalhou rapidamente pela Europa.
Temerosos quanto à possibilidade de a revolução dos franceses servir de
modelo para o início de outras, alguns governantes absolutistas passaram a articular contra os revolucionários. Luís XVI não aceitava ter seu poder limitado pelo legislativo e pelo
judiciário. Apesar de aparentemente parecer estar disposto a cumprir as
determinações da constituição para continuar ocupando o trono francês, passou a
conspirar com outros monarcas absolutistas.
Em julho de 1791, após fingir aceitar as
mudanças propostas pelos revolucionários, Luís XVI tentou fugir do país para
unir-se às forças contrarrevolucionárias organizadas por nobres que haviam
saído da França. Porém, o plano de fuga foi descoberto e a família real
apanhada próxima da fronteira. Luís XVI foi conduzido até Paris, acusado de
traidor e em agosto de 1792
destronado e preso.
A atitude
do rei provocou manifestações populares contra a monarquia. Por ordem da
burguesia a Guarda Nacional foi enviada para dispersar a multidão que ocupava
as ruas de Paris. Esse momento marca o
início da divisão entre os membros do terceiro estado. Para socorrer o rei, o
exército contrarrevolucionário austro-prussiano invadiu a França sendo apoiado
secretamente pela família real. Líderes da revolução como Danton
e Marat lideraram a luta dos franceses
contra as forças invasoras. No dia 20 de
setembro de 1792, o exército francês obteve uma importante e decisiva
vitória sobre as forças estrangeiras na Batalha de
Valmy.
A partir do momento em que o rei foi destronado, a constituição promulgada em 1791 e o novo regime político adotado – monarquia constitucional – ficaram sem efeitos. Os revolucionários organizaram-se outra vez em Assembleia para que uma nova constituição fosse redigida. Essa nova assembleia ficou conhecida como Convenção Nacional.
A partir do momento em que o rei foi destronado, a constituição promulgada em 1791 e o novo regime político adotado – monarquia constitucional – ficaram sem efeitos. Os revolucionários organizaram-se outra vez em Assembleia para que uma nova constituição fosse redigida. Essa nova assembleia ficou conhecida como Convenção Nacional.
A Convenção Nacional (1792 – 1795)
No dia 21 de
setembro de 1792 a Convenção tomou a sua primeira decisão: abolir a monarquia e proclamar a República. Enquanto isso o rei
permanecia preso, acusado de traição e aguardando julgamento. Nesse período
ocorreu uma grande divisão política entre os membros do terceiro estado. Os dois grupos principais que passaram a se
confrontar e a revezar o poder foram os jacobinos
e os girondinos. [10]
Inicialmente foram os girondinos que assumiram o controle da Convenção.
Porém, com a revolta dos setores mais populares, provocada pela suposta traição
de generais girondinos que estariam apoiando forças-contrarrevolucionárias, os
jacobinos tomaram o poder. Por iniciativa dos jacobinos o rei foi julgado e condenado
a morte na guilhotina em janeiro de 1793.
Meses mais tarde foi vez de Maria Antonieta.
DITADURA JACOBINA
A execução
do rei marcou o início do governo dos jacobinos, caracterizado pela centralização do
poder e pelas medidas radicais que foram tomadas. A morte do rei repercutiu de
diferentes maneiras. Dentro da França teve celebração das camadas mais populares,
porém, fora, as forças absolutistas se reorganizaram para invadir o país e
combater os revolucionários. Para enfrentar a união de países como Espanha,
Inglaterra e Áustria, os jacobinos criaram o Comitê de Salvação Pública, responsável pelo exército e administração
do país, e ainda o Tribunal Revolucionário[11],
encarregado de vigiar e julgar os acusados de trair a causa revolucionária.
Robespierre, Marat e Danton foram os principais lideres dos jacobinos. Apesar do êxito que tiveram ao combater as forças estrangeiras que insistiam em invadir a França, os jacobinos sofreram com a instabilidade econômica. Muitos burgueses, insatisfeitos com as medidas econômicas tomadas pelo governo, passaram a boicotar a venda e a distribuição de gêneros básicos. Aproveitando-se da discórdia entre os jacobinos e da insatisfação popular, os girondinos e o grupo da planície uniram-se contra o governo de Robespierre, tomaram o poder e organizaram um novo tipo de governo.
Robespierre, Marat e Danton foram os principais lideres dos jacobinos. Apesar do êxito que tiveram ao combater as forças estrangeiras que insistiam em invadir a França, os jacobinos sofreram com a instabilidade econômica. Muitos burgueses, insatisfeitos com as medidas econômicas tomadas pelo governo, passaram a boicotar a venda e a distribuição de gêneros básicos. Aproveitando-se da discórdia entre os jacobinos e da insatisfação popular, os girondinos e o grupo da planície uniram-se contra o governo de Robespierre, tomaram o poder e organizaram um novo tipo de governo.
GOVERNO DO DIRETÓRIO: os
girondinos no poder.
Ao assumirem o poder os
girondinos optaram pela elaboração de uma nova constituição, concluída em 1795
e que garantia a continuidade do regime republicano que seria controlado por um
grupo de cinco pessoas. Os membros do Diretório, que durou de 1795 a 1799 e que
atendiam aos interesses da alta burguesia, decidiram cancelar a distribuição de
terras, o tabelamento de preços e o ensino gratuito. Assim como os jacobinos, os girondinos
enfrentaram dificuldades econômicas e foram ameaçados por forças que defendiam
o absolutismo. No combate contra as
forças contrarrevolucionárias o general Napoleão Bonaparte teve grande destaque
e adquiriu prestigio entre diferentes setores da sociedade. Em 09 de novembro
de 1799 (18 de brumário pelo calendário revolucionário) Napoleão derrubou o
Diretório e instaurou o Consulado, assumindo como primeiro Cônsul. Para muitos
historiadores, esse episódio que ficou conhecido como o Golpe de 18 de Brumário, marcou o fim do processo revolucionário e
o início de um período em que as conquistas da burguesia se consolidaram.
1) Com suas palavras, descreva as condições políticas, sociais e econômicas da França antes do início da revolução em 1789.
2) Por que razões a
França enfrentava sérias dificuldades econômicas no período que antecede a
revolução?
3) Diga como estava
divida a sociedade francesa e explique os motivos que burgueses e camponeses
tinham para protestar contra o governo.
4) Que saída foi
encontrada pelo rei Luís XVI para equilibrar a economia e tentar tirar a França
da crise? Como essa ideia repercutiu entre os diferentes setores da sociedade
francesa?
5) Com que objetivo foi
convocada a Assembleia dos Estados Gerais? Quem estaria reunido nessa assembleia?
Sua convocação foi uma exigência de que grupo da sociedade? Com que interesse
esse grupo fez essa exigência ao rei?
6) O que provocou o
desentendimento entre os deputados reunidos na Assembleia dos Estados Gerais?
Explique.
7) Os ideais do
Iluminismo se manifestaram constantemente durante o processo revolucionário
francês. Com suas palavras, escreva sobre os diferentes momentos em que esses
ideais revelaram os interesses dos revolucionários.
8) Descreva os
principais pontos da constituição francesa proclamada pelos burgueses em
setembro de 1791 e explique como ficaria a situação do rei a partir de sua
declaração.
9) Por que a Tomada da
Bastilha é visto como um episódio que marcou uma importante vitória da
burguesia e um novo momento da Revolução?
10) Para você, quais eram
os pontos da Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão que mais
correspondiam as necessidades dos representantes do terceiro estado. Justifique
a sua resposta.
11) Após a constituição
elaborada pelos representantes do terceiro estado alguns países passaram a
organizar forças contrarrevolucionárias. O que pretendiam esses países com
essas forças contrarrevolucionárias? Porque razões se preocupavam com a revolução
na França?
12) Escreva sobre as
principais medidas tomadas primeiramente pelos jacobinos e posteriormente pelos
girondinos durante a Convenção.______________________________
[1] A independência dos Estados Unidos ocorreu em 1776 e foi fortemente influenciada pelos valores difundidos pelo Iluminismo.
[2] O termo Antigo Regime é utilizado para fazer
referência a um conjunto de características que marcaram a estrutura social,
política, econômica e cultural das monarquias europeias. Entre essas
características devemos citar: o poder absoluto do rei, o poder incontestável
da igreja, a sociedade estamental e as
práticas mercantilistas.
[3] Tornou-se rei da França em 1642 após a morte de seu
pai e quando tinha apenas 4 anos.
Durante sua infância o país foi governado por sua mãe e pelo cardeal
Mazarin, primeiro ministro. Em 1661, após a morte de Mazarin assumiu o trono e
adotou o absolutismo. Em seu reinado,
perseguiu os protestantes, reorganizou o Exército e travou guerras contra
Espanha, Holanda, Áustria e Luxemburgo. Luís XIV contribuiu para o
desenvolvimento das artes e das ciências na França e construiu o luxuoso
Palácio de Versalhes, onde a corte passou a viver a partir de 1682. Ficou
conhecido como Rei Sol por escolher a imagem do astro-rei como seu emblema. Ao
morrer, em Versalhes, deixou o país em péssima situação econômica. Governou a
França até 1715.
[4]
Os protestos pela falta de alimento passaram a
ocorrer em toda a França, principalmente na capital, Paris. Em uma dessas
manifestações, em que mulheres reclamavam da falta de pão, a rainha Maria
Antonieta teria ironizado a situação respondendo: “Se não têm pão, que comam
bolos”. A inflação na França aumentava rapidamente e até mesmo um simples
pãozinho passou a ser artigo que nem todos podiam adquirir.
[5] Luís XVI nomeou inúmeros ministros das finanças
durante o seu governo. Um dos mais importantes foi Turgot, economista de grande
prestígio que era favorável a política de dar maior liberdade econômica aos
burgueses e sugeriu fazer um corte de gastos
e recolher impostos do clero e da nobreza. Suas ideias, logicamente, não
agradaram os representantes do primeiro e do segundo estado e Turgot acabou
sendo demitido. Outro importante
ministro foi Jacques Necker, que insistiu na convocação da Assembleia para que
fosse discutida uma reforma fiscal.
[6] Composição dos Estados Gerais: 247 representantes do
clero; 188 representantes da nobreza, 500 representantes do Terceiro Estado. Para
a burguesia, que representava as classes mais populares, a reunião dos Estados
Gerais foi uma oportunidade perfeita para iniciar uma revolta contra a situação
de injustiça que havia, já que, dava espaço para o debate. Por isso, muitos
afirmam que a convocação dos Estados Gerais foi o suicídio político do clero e
da nobreza que subestimaram a força política da nobreza e principalmente a
crítica realidade vivida pela maioria da população.
[7] O uso de jornais e folhetos foi a principal estratégia
dos revolucionários na divulgação de seus ideais.
[8] Ao ser avisado sobre a Tomada da Bastilha o rei teria
perguntado: “É uma revolta?” A ele foi respondido: “Não, majestade, é uma
revolução!”.
[9] Apesar de se
inspirar nos valores de igualdade e de liberdade, a constituição representava a
vitória da alta burguesia e era cheia de contradições, privilegiando os
interesses de somente parte dos revolucionários. Depois de assumirem o poder na
Assembleia, a alta burguesia tornou-se conservadora e deixou de defender
reformas mais radicais que atendessem os setores mais humildes que formavam o
terceiro estado. Milhares de camponeses, por exemplo, continuavam sem terras e
enfrentando uma situação de muitas dificuldades. Na política, apesar de ter se
ampliado participação popular, a maior parte das pessoas continuou sem ter o
direito de votar.
[10] Desgastadas hoje em
dia, as expressões esquerda, centro e direita, utilizadas para designar os
partidos políticos de acordo com suas posições ideológicas, surgiram durante a
Revolução Francesa e faziam referência a posição ocupada pelos diferentes
grupos durante a Convenção (Jacobinos na esquerda, Planície no centro e
Girondinos na direita).
[11] O tribunal foi responsável pela morte de milhares de pessoas durante a ditadura imposta pelos jacobinos. Pela radicalização, esse período ficou conhecido como Terror.
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