Entre os séculos X e
XIII, enquanto que o Império Romano entrava em declínio, formou-se um novo
sistema político, econômico, social e cultural bastante diferente do que era
conhecido na antiguidade. Esse sistema foi chamado de feudalismo. As principais
características dessa nova organização eram: o modo de vida rural, economia
agrária, poder político fragmentado, rígida divisão social, enfraquecimento das
cidades e do comércio, pequena circulação de moeda (predominava o sistema de
troca), baixa densidade populacional e forte religiosidade. O sistema feudal
predominou na Europa, porém, não em todas as regiões e mesmo onde se
desenvolveu não foi sempre da mesma forma. Ou seja, teve diferenças de acordo
com a época e região.
A ORIGEM DO FEUDALISMO
Com
dificuldades para proteger suas fronteiras e controlar revoltas dos povos
dominados, os romanos não foram capazes de impedir as invasões dos povos
bárbaros e de manter a unidade do império. Nesse período, a insegurança, gerada
pelas invasões, fez com que muitas famílias começassem a migrar das áreas
urbanas para as áreas rurais dando início a um processo de ruralização. Em muitas regiões foram construídas vilas
fortificadas e castelos cercados por grandes muralhas e os mais fracos passaram
a depender da ajuda de nobres e de guerreiros. No ano de 476 os germânicos
derrubaram o último imperador romano e nas terras antes dominadas pelo Império
Romano começaram a surgir diversos reinos independentes e governados pelos
germanos. [1] Porém, esses reinos também entraram em crise e o poder passou a ser ocupado
pelos grandes proprietários de terra. Aos poucos deixou de existir um governo
centralizado na figura do rei.
Assim, durante
os primeiros séculos da Idade Média [2] formou-se
um novo sistema político, econômico, social e cultural bastante diferente do
que era conhecido na antiguidade e que foi chamado de feudalismo. As principais características dessa nova organização
social, política e econômica eram: o
modo de vida rural, economia agrária, poder político fragmentado, rígida
divisão social, enfraquecimento das cidades e do comércio, pequena circulação
de moeda (predominava o sistema de troca), baixa densidade populacional e forte
religiosidade.
O poder da igreja
No ano de 391, a religião cristã foi
transformada em religião oficial do Império Romano. Durante a Idade Média
(século V ao XV), período marcado por guerras, pestes e miséria da maioria, a
Igreja Católica conquistou e manteve grande poder. Possuía grande poder
econômico, político e jurídico e estabelecia padrões de comportamento moral
para a sociedade. Controlando completamente a educação, a Igreja controlava
também a forma de pensar das pessoas afirmando que a miséria e a desigualdade
social eram vontade divina e sinais de pecado.
Além disso, não permitia opiniões e
posições contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis). Aqueles que
desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e
punidos. Na Idade Média, a Igreja Católica criou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição)
no século XIII, para combater os hereges (contrários à religião católica). Por
isso tudo, as pessoas na época viviam com o constante medo de não ter garantido
o lugar no céu.
A POLÍTICA FEUDAL
As relações de poder:
Uma das
razões para o enfraquecimento do poder real foi o aumento dos contratos de vassalagem. Inicialmente,
para garantir proteção militar e assim manter-se no poder, o rei cedia aos
nobres do reino um feudo, isto é, um
pedaço de terra, maior riqueza durante o feudalismo.
Com o passar do tempo, os nobres que controlavam grandes extensões de terra, passaram a dividi-la entre outros nobres que podiam, por sua vez, repassar parte dessas terras a outros nobres.
Com o passar do tempo, os nobres que controlavam grandes extensões de terra, passaram a dividi-la entre outros nobres que podiam, por sua vez, repassar parte dessas terras a outros nobres.
Aquele que
concedia o feudo era chamado de suserano,
enquanto que aquele que recebia era chamado de vassalo. A doação do feudo se dava por meio de um juramento de fidelidade onde ficava
determinado que o suserano teria o
compromisso de dar proteção militar e assistência jurídica ao vassalo, que por
sua vez deveria proteger militarmente o suserano e libertá-lo caso esse fosse
aprisionado. No feudalismo, o rei continuava sendo o maior dos nobres, já que
era somente suserano e não devia obrigações a outro senhor, porém, exercia
poder direto somente dentro de seus domínios já que os senhores feudais tinham
total autonomia sobre o seu feudo, podendo criar leis, cobrar impostos e
organizar e comandar exércitos.
A SOCIEDADE FEUDAL
A sociedade feudal era
dividida em grupos e era caracterizada pela imobilidade social. Como a posição
de uma pessoa dependia de seu nascimento, dificilmente ela poderia subir de
classe. Assim, a possibilidade de um camponês tornar-se membro da nobreza, por
exemplo, era muito pequena. Um nobre, mesmo que falido, continuaria sendo um
nobre, enquanto que o camponês, por mais que trabalhasse, dificilmente deixaria
de ser um camponês. No auge do feudalismo a sociedade estava dividida da
seguinte maneira:
CLERO: A Igreja Católica era a instituição mais
importante da sociedade feudal. Seu poder era tanto, que cerca de 1/3 das
terras da Europa lhe pertenciam. Logo, seus representantes estavam acima de
nobres e de camponeses na divisão social. O clero era formado pelo papa, por
cardeais, bispos, abades, monges e padres. A maioria dos membros do clero
provinha da nobreza. No imaginário da época, cabia ao clero mediar a relação
entre Deus e o homem.
NOBREZA: A nobreza estava encarregada do comando
militar. O poder de um nobre dependia do tamanho de suas propriedades e do
número de camponeses que trabalhavam em suas terras. A nobreza era composta de
reis, duques, marqueses, condes, viscondes, barões. Os nobres consideravam o
trabalho braçal indigno e se ocupavam com a guerra, com a caça e com torneios.
Eram os chamados senhores feudais.
CAMPONESES: Eram a maioria da população. Esse grupo era
composto por um grande número de trabalhadores: artesãos, comerciantes,
camponeses livres e servos, que eram a maioria. Predominava no feudalismo a servidão,
pela qual a maioria dos camponeses recebiam do nobre um lote de terra e em
troca tinham o dever de servir ao senhor. Estavam, portanto, presos a terra.
A ECONOMIA FEUDAL
As obrigações servis:
A
posse sobre a terra durante a Idade Média se consolidou como sendo a coisa mais
valiosa para qualquer pessoa. Ter ou não ter terra determinava a condição
social e de vida do individuo. Como já foi dito, os senhores feudais tinham
total autoridade para de definir os impostos que seriam cobrados e as leis e
regras que organizavam o convívio entre as pessoas que viviam no interior de
suas terras. Dentro dessa lógica, além de produzirem para seu
sustento próprio, os servos eram obrigados a produzir excedentes para poder
atender as necessidades dos nobres. Entre as principais obrigações dos servos, pode
ser citado:
CORVEIA:
obrigação de o servo trabalhar alguns dias por semana
nas reservas senhoriais. Não recebia nada por esse trabalho.
TALHA:
os servos deveriam entregar parte de sua produção,
agrícola ou pastoril, ao senhor feudal.
BANALIDADES: taxas
que os servos deveriam pagar por utilizar equipamentos e instalações do
senhorio (celeiros, fornos, moinhos, etc.).
TRANSFORMAÇÕES E CRISE DO SISTEMA FEUDAL
Muitos
historiadores afirmam que entre os séculos XI e XIII a Europa passou por
profundas mudanças. O aumento da produção agrícola, o crescimento da população
e o fortalecimento do comércio e das áreas urbanas interferiram na estrutura do
sistema feudal a partir do momento que modificam suas principais características.
Um relativo
momento de paz, notado no início do século XI, permitiu um lento crescimento
populacional. Esse crescimento demográfico exigiu naturalmente um aumento da
produção de alimentos o que foi possível devido à: ampliação das
áreas de cultivo, rotação de culturas e inovações técnicas. Com a derrubada de
florestas e drenagem de pântanos, novas áreas puderam ser preparadas para o
plantio. A ampliação das áreas de cultivo foi acompanhada por uma nova forma de
rotação de culturas e os campos de plantação passaram a ser divididos em três
partes sendo que em duas eram cultivados diferentes cerais enquanto uma
descansava por um período, evitando assim, o esgotamento do solo.
A partir do
século XI o metal passou a ser mais explorado pelos europeus e novos
instrumentos foram introduzidos na prática da agricultura. O melhor exemplo foi
o desenvolvimento do arado de ferro, puxado por bois ou cavalos, e que era
chamado de charrua. No mesmo período
se desenvolveu a ferradura, usada nos
cascos dos cavalos com o objetivo de evitar ferimentos. Notou-se também o desenvolvimento
na prática de irrigação e as forças
das águas e dos ventos passaram a ser mais bem aproveitadas para movimentar moinhos. A
maior produtividade agrícola vai provocar, logicamente, melhorias nas
condições de vida na Europa. Com o aumento
da oferta de alimento, as pessoas passaram a viver melhor e por mais tempo
provocando o aumento da população.
O crescimento das cidades acompanhou diretamente o fortalecimento das atividades comerciais e artesanais. |
A partir do século XII, nos cruzamentos das principais
redes de estradas – boa parte delas construídas ainda nos tempos dos romanos –
foram sendo organizadas grandes feiras. Logicamente, uma consequência
direta do impulso comercial foi o fortalecimento das áreas urbanas. A nova realidade incentivou o deslocamento de milhares
pessoas para as cidades, onde estavam as novas oportunidades de trabalho
ligadas principalmente a produção artesanal.
Com a atividade comercial e artesanal, as cidades cresceram e outras
foram surgindo. Cercadas geralmente por altas muralhas, as cidades – chamadas
de burgos - passaram a recuperar a importância que haviam perdido no decorrer
do período medieval. Com o revigoramento da vida urbana, surge uma nova e
importante classe, a burguesia.
Os
burgueses eram aqueles que se dedicavam ao comércio, as atividades bancárias e
ao artesanato. Foi comum nas cidades a associação entre diversos burgueses nas chamadas Corporações de Ofício[4] ou
guildas. Com o crescimento das atividades urbanas e
mercantis, os burgueses que viviam em cidades localizadas em áreas dominadas
por senhores e pagavam muitos impostos aos nobres e ao clero, foram tornando-se
independentes dos laços feudais, passando a exigir algumas liberdades e a
reivindicar direitos.
Foi
justamente essas transformações que provocaram a crise do feudalismo,
especialmente por terem modificado suas principais características. O sistema
feudal não era compatível com a maior produtividade no campo, com o crescimento
e diversificação do comércio e com o fortalecimento das áreas urbanas. Na parte
final do século XIII, algumas regiões da Europa, onde as terras mais férteis já
haviam sido ocupadas ou que passaram a sofrer com a perda de colheitas devido a
condições do clima e guerras, tiveram que enfrentar o terrível problema da
escassez de alimento. Esse problema foi acompanhado de perto por grandes
epidemias, como foi, por exemplo, a Peste
Negra.
Guerras
passaram a ocorrer por toda a Europa, prejudicando o comércio e a produção de
alimentos. Burgueses se sentiam prejudicados pela situação de completa
desordem, camponeses não suportavam a exploração e muitos nobres estavam indo a
falência. Como ainda vamos estudar, entre tantos problemas, vai se perceber a
necessidade da centralização do poder politico.
AS CRUZADAS
O poder da
Igreja Católica sobre a sociedade e principalmente sobre a mentalidade das
pessoas durante a Idade Média atingiu o seu momento máximo na organização das
chamadas Cruzadas, expedições militares que tinham como objetivo declarado
libertar os cristãos e os lugares considerados sagrados, como Jerusalém. A
organização das Cruzadas foi iniciativa do Papa Urbano II no ano de 1095 e aos
soldados de cristo, como eram chamados aqueles que fosse lutar pela causa da
igreja, as autoridades católicas concediam o perdão dos pecados, proteção de
sua família e de seus bens e o perdão das dívidas.
Além de
serem motivadas por questões religiosas, as cruzadas também foram motivadas por
questões econômicas. Muitos nobres participaram das expedições com o objetivo
de conquistar novas terras e novos mercados e rotas comerciais poderiam ser conquistadas.
Problemas sociais que afligiam a Europa também poderiam ser amenizados através
das expedições. De 1095 a 1270 a igreja organizou oito expedições contra os muçulmanos
sendo que não contavam apenas com soldados treinados, uma vez que muitos grupos
não armados compostos por mulheres, crianças e monges acompanhavam as
expedições.
Cada uma das
cruzadas, independente de terem alcançado seus objetivos, tiveram suas
características e consequências. De modo geral, contribuíram para empobrecer a nobreza
feudal e fortalecer o poder real, na medida em que os senhores feudais perdiam
seu prestígio e poder. Além disso, rotas no Mar Mediterrâneo voltaram a ser
utilizadas e comércio entre o Oriente e o Ocidente se intensificou.
PESQUISA: As oito cruzadas (http://www.colegioweb.com.br)
PESQUISA: As oito cruzadas (http://www.colegioweb.com.br)
[1] Entre os povos, que eram chamados pelos romanos de bárbaros, destacaram-se os germânicos. Os germânicos se dividiam em: vândalos, godos, burgúndios, batavos, suevos, lombardos e francos. O reino dos Francos, conhecido como Império Carolíngio, foi o que alcançou maior destaque. Com a morte do Imperador Carlos Magno no ano de 841, o Império Carolíngio perdeu força e acabou se fragmentando.
[2] Período que durou aproximadamente mil anos. Teve início no ano de 476 , quando foi deposto o último imperador do Império Romano do Ocidente e se estendeu até 1453, quando os turcos conquistaram a cidade de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente.
[2] Período que durou aproximadamente mil anos. Teve início no ano de 476 , quando foi deposto o último imperador do Império Romano do Ocidente e se estendeu até 1453, quando os turcos conquistaram a cidade de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente.
[3] Servidão não pode ser confundida com escravidão. O
servo estava preso a terra, ou seja, não tinha alternativa caso deixasse a
terra que havia recebido em troca de trabalho. Porém, ao contrário do escravo,
o servo não era propriedade do senhor e, portanto, não podia ser vendido ou
trocado.
[4] As corporações de ofício reuniam diversos profissionais (os mestres de ofício) que controlavam a produção de determinado produto. O objetivo das corporações era diminuir a concorrência, controlar a qualidade dos produtos, regular o trabalho e estabelecer os preços.
VÍDEOS:
[4] As corporações de ofício reuniam diversos profissionais (os mestres de ofício) que controlavam a produção de determinado produto. O objetivo das corporações era diminuir a concorrência, controlar a qualidade dos produtos, regular o trabalho e estabelecer os preços.
VÍDEOS:
Feudalismo - Castelo em Guerras
A Peste Negra
Questões
1) Com suas palavras, explique o que foi e como se originou
o feudalismo destacando suas principais características.
2) Durante a Idade Média a Igreja Católica acumulou muito
poder. Faça uma pesquisa e escreva sobre a importância cultural da igreja nesse
período e diga o que foi o Tribunal do Santo Ofício.
3) Explique a relação entre suseranos e vassalos que marcou
as relações de poder no sistema feudal.
4) Como estava dividida e organizada a sociedade feudal?
Explique seu funcionamento.
5) As terras do senhorio eram divididas em três grandes
partes. Que partes eram essas? Como cada uma delas era utilizada?
6) O sistema feudal foi fortemente marcado pela relação
desigual entre os grandes senhores de terra e os servos. Escreva sobre as
obrigações que os servos tinham junto aos senhores feudais.
7) O século XI na Europa foi marcado pelo início de uma
série de transformações que provocaram a crise do feudalismo. Que mudanças
foram essas? De que modo colaboraram com o fim do sistema feudal? Explique.
8) Como foi o desenvolvimento agrícola durante o
feudalismo? O que esse desenvolvimento representou para a organização do
sistema feudal?
9) O revigoramento dos centros urbanos e das atividades
comerciais foi determinante para a crise do sistema feudal. Como isso foi
possível? Quem eram e que papel tiveram os burgueses nesse momento?
10) As Cruzadas foram expedições militares organizadas pelas
autoridades católicas. Que objetivos tinham e quais foram suas principais
consequências?
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